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Luna Oliveira

Por que, Lara? Por quê?

Aquela pergunta martelava incessantemente em minha cabeça enquanto eu seguia os passos apressados do garoto à minha frente.

Por que só eu tinha que fazer os sacrifícios? Por que eu tinha que abrir mão da minha vida para você poder viver a sua?

Mais uma vez eu me ferrava, me arruinava por inteiro, só para te salvar das suas próprias merdas.

Por um breve instante, me permiti odiar minha irmã. Odiar o fato de que ela pouco se importava comigo, com o que eu sentia.

E agora eu ia ter que me envolver com um tipo de homem que jurei nunca chegar perto. Dar para traficante era como cair no poço, sem chance de voltar. Eu ia ficar marcada, todo mundo no morro ia me olhar torto, como se eu fosse uma vagabunda interesseira. Meus pais iam sentir vergonha de mim, onde quer que estivessem.

— É aqui — O menino parou em frente a um barraco e apontou para que eu entrasse.

Comecei a controlar minha respiração enquanto abria a porta. O cômodo que eu imaginava ser a sala ou a cozinha estava completamente escuro, mas o cheiro forte de maconha vindo do corredor indicava que ele estava na casa.

Mesmo com meu instinto me dizendo para fugir dali, decidi seguir em frente. No final do corredor, um quarto estava iluminado. Apesar do barraco parecer pequeno por fora, tinha vários cômodos. Provavelmente era ali o abatedouro onde ele sempre se envolvia com as mulheres longe dos olhos da sua fiel.

Russo estava sentado na cama quando entrei, mas não se deu ao trabalho de me olhar ou dizer algo. Ele continuou me ignorando, mesmo sabendo que eu estava ali.

Minhas mãos ficaram suadas ao lado do meu corpo. Embora já não fosse virgem há um bom tempo, eu não tinha muita confiança quando se tratava de sexo. Minhas experiências foram limitadas e definitivamente não se comparavam às dele.

— Está esperando o que para tirar a porra da roupa? — Russo perguntou após dar mais uma tragada no seu baseado. Prendi a respiração, já que a vontade mesmo era de tossir. — Tenho a noite toda não, fia. Agiliza o bagulho aí.

Assenti e segurei as alças do meu vestido frouxo, deixando-o escorregar pelos meus braços e cair aos meus pés. Senti o olhar dele queimando toda a minha pele desnuda, mas não tive coragem suficiente para levantar o rosto e confirmar se ele realmente me encarava.

— Tira tudo! — Ele ordenou com a voz rouca.

Engoli o nó que se formava em minha garganta e abri o fecho frontal do meu sutiã, que seguiu o mesmo caminho até o chão. Minhas bochechas coraram de vergonha ao perceber que ele estava me vendo nua pela primeira vez, mas me forcei a tirar a calcinha logo em seguida.

— Pensei que tu fosse pelo menos um pouco gostosa, mas pelo visto nem isso, pô. — Ouvi a risada sarcástica dele e quase morri com isso.

Precisava humilhar?

Afinal, por muitas vezes eu passei fome, e talvez isso tenha interferido diretamente no meu desenvolvimento. Meus seios eram pequenos, de uma forma bem sem graça. E meu corpo era do mesmo jeito.

— Quer que eu vá embora? — Ergui meu olhar, encontrando o dele. Meu peito se encheu de esperança, talvez minha aparência servisse de fato para alguma coisa nessa vida.

Mas a esperança foi se esvaziando à medida que Russo deixou o baseado no cinzeiro e se levantou da cama.

— Deita na cama e me espera com as pernas abertas — Ele falou com um rosnado e começou a tirar a própria roupa.

Sombras do Amor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora