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Luna Oliveira

Gabriela estava no canto do quarto, terminando de ajeitar o vestido curto no corpo. Apesar de estar cansada por ter trabalhado até tarde hoje e com olheiras profundas no rosto, eu pedi para que ela me esperasse.

— Você pode fazer aquilo de novo no meu rosto? — Perguntei meio tímida, apontando para o seu estojo de maquiagens.

Era meio da semana, quarta-feira para ser mais exata, e a festa de aniversário do Igor já havia começado há algumas horas. Ele tinha enchido o celular da Gabi de mensagens perguntando de nós duas.

— Claro, amiga. Fico feliz de ver você se interessando em cuidar mais da sua aparência. — Gabriela sorriu e me fez sentar de frente para a sua pequena penteadeira. — Algum motivo em especial? — Ela me olhou curiosa.

— Não, nenhum. — Respondi rapidamente.

Gabriela claramente não se deu por convencida com a minha resposta, mas também não insistiu mais no assunto. Ela trabalhou por longos minutos no meu rosto, e o resultado final foi impecável, como sempre.

— Ainda não me disse o porquê de você precisar ir embora mais cedo da festa. A gente combinou de matar aula amanhã na sua casa. — Ela murmurou quando já estávamos na metade do caminho até a casa de Igor.

— Russo quer me ver hoje. — Respondi brevemente, torcendo para que ela não comentasse nada a respeito. Já era difícil o bastante estar com a minha mente toda confusa por causa do nosso último encontro.

— Aí, eu não acredito que você se arrumou toda só para vê-lo. — Gabriela respondeu descrente, me olhando com acusação.

— Eu me arrumei para mim. — Falei em tom defensivo.

— Sério, Lua? Não me diga. — Foi irônica ao me dizer aquilo. — Eu não nasci ontem, linda, te conheço como a palma da minha mão. — Ela comentou parecendo irritada comigo.

— Você está exagerando, Gabi. — Segurei no seu braço, fazendo com que ela parasse para me encarar nos olhos. — Não vejo nada de extraordinário em querer me vestir bem em um único dia.

— O problema é você querer ficar bonita para ele. — Ela falou, negando com a cabeça e voltando a caminhar na frente. — Ele é um babaca, Lua. Não sei o que vocês veem naquele cara, de verdade. — Falava baixinho, bufando.

Ignorei-a o restante do caminho, até porque não adiantava conversar com a Gabi quando ela estava de cabeça quente.

A casa de Igor estava com todas as luzes apagadas e, apesar da escuridão, a lâmpada giratória com cores coloridas no meio da sala dava uma animação junto com uma névoa de fumaça.

— Feliz aniversário, minha yag preferida! — Gabriela gritou assim que viu Igor, indo ao seu encontro para abraçá-lo. Ele não tinha ido à escola hoje, e por isso não conseguimos parabenizá-lo antes.

— Minhas vadias! — Igor deu uns pulinhos de animação ao nos ver.

— Parabéns, Iggy. Sua festa está linda. — Falei sorrindo, e ele me abraçou apertado, sussurrando em meu ouvido que eu estava bonita de morrer.

Agradeci com as bochechas vermelhas.

A festa não estava tão cheia como eu imaginava que seria. Tinha um bocado de gente do colégio e alguns amigos pessoais de Igor do morro, mas nem se comparava às outras festas que ele já tinha dado nos anos anteriores. Acho que dessa vez seria realmente só para os íntimos.

Para minha surpresa, Ritinha também estava lá, dançando junto com Théo e Vanessa. Ela estava com um corte bem diferente e moderno; os cabelos, antes picotados de qualquer jeito pela mulher do Russo, agora estavam bem ralinhos e uniformes. Eu gostei, achei que ficou bonito e combinou com ela.

Sombras do Amor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora