BIANCA
A ilha não era particularmente grande e possuía um píer de concreto repleto de musgo, algas e vida marinha. Com cuidado, Bianca prendeu o jet, empurrou sua bolsa com suas coisas em cima dele e, em seguida, pulou para a água fresca, nadando até uma escada que ficava na lateral da construção.
Depois disso, ela recolheu sua bolsa e, após dar o sinal para Alex e observar uma luz piscando de volta para ela por três vezes, começou a caminhar pelo interior da ilha aparentemente inexplorada. Razoavelmente próximo do píer, havia uma pequena e singela casa, mas desde que Sephora e Bianca usavam a caverna, ela estava vazia e abandonada.
Receosa de que os ocupantes da casa um dia pudessem aparecer ou se incomodar com a sua presença, Bianca inquiriu a sereia sobre o fato. Nessa ocasião, Sephora havia lhe explicado que aquela ilha, como muitas outras ao redor do mundo, pertencia aos submersos.
- Essa ilha é deles, mas não acho que eles a utilizem – a sereia disse, escolhendo cuidadosamente as palavras, como sempre fazia quando estava falando sobre eles – Eles já usam pouco as ilhas importantes, essa aqui está literalmente esquecida, ela não está registrada em nenhum dos nossos mapas e acho que é porque a caverna, como você já deve ter notado, é pequena demais para ser utilizada para qualquer coisa.
E Bianca se deu por satisfeita. Mas, ainda assim, sempre espreitava a casa só para ter certeza que ela continuava vazia e inabitada. Em que pese ela argumentasse que fazia isso para garantir a sua segurança e a de Sephora, parte dela admitia que também tinha esperança de um dia vislumbrar um desses misteriosos submersos, a respeito de quem Sephora nunca falava abertamente.
Depois, ela continuava a caminhada em meio às árvores, sempre acompanhando a costa da ilha até encontrar a caverna que, por fora, não parecia particularmente grande.
Bianca abaixou-se para passar pela entrada apertada e baixa, mas logo a caverna se expandiu como um todo, dando espaço para uma câmara ampla com uma piscina natural no seu interior frio e úmido.
Com cuidado, Bia se desfez de suas roupas, ficando apenas de biquíni, e pegou, dentro da sua bolsa, o tradutor e uma banana que havia furtado da fruteira na cozinha da pousada, devidamente lacrada dentro da uma sacola plástica.
Depois disso, ela sentou à margem da piscina e impulsionou-se para dentro, sentindo a água fria contra seu corpo quente. Longe da luz do sol, a água podia ser até cinco graus célsius mais fria do que a do mar e sua pele se arrepiou.
Encaixando o tradutor nos ouvidos e segurando a banana protegida com uma das mãos, Bianca prendeu a respiração e submergiu, batendo as pernas habilmente até o túnel submerso no canto inferior da piscina, que dava acesso à câmara interior secreta, onde Sephora e ela costumavam se encontrar.
Houve uma época em que ela surgiria do outro lado ofegante por causa do esforço, mas depois de anos fazendo aquele mergulho, ela já conseguia fazê-lo sem maiores sofrimentos. Quando atravessou o túnel sob as águas, percebeu uma cauda peculiar destacando-se próximo de onde ficava a pequena praia pedregosa.
Os lábios da mulher se contraíram num sorriso, enquanto a perspectiva de uma vingança inocente se desenhava em seus pensamentos.
N/A: Aqui está mais um capítulo! Espero que estejam gostando!
Não deixem de votar & comentar! <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos Submersos
Science FictionTodos possuem segredos. Alex vem secretamente seguindo os passos de seu avô, que desapareceu numa expedição que tinha por objetivo comprovar a existência das sereias, com a esperança de redimir sua memória. Para isso, começou a trabalhar na Pousada...