Capítulo 5 - Sephora

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Capítulo 5

SEPHORA

Do lado de fora de Ylark, encontraram diversas silhuetas de sereianos movimentando-se rápida e graciosamente pela água em direção a Salarka.

“FORA DO CAMINHO!”, os sonidos de outro sereiano atrás de Sephora informou-a de sua aproximação, “FORA DO CAMINHO, MENSAGEIRO PASSANDO!”.

Se fora da água as sereias tinham sua própria linguagem, dentro dela se comunicavam através de sonares, o que era muito mais eficiente, uma vez que os sereianos possuem melões localizados no topo de suas cabeças, que eram responsáveis por captar as frequências do sonar e não apenas traduzia a mensagem enviada, como também os auxiliavam a se localizarem nas profundezas do mar, já que a falta de iluminação natural tornava seus olhos praticamente inúteis.

Prontamente, Sephora impulsionou-se para a esquerda e realizou um semi-círculo; Platos, outro mensageiro, passou tão rapidamente por ela que a única coisa que seus olhos foram capazes de assimilar foi uma silhueta escura azulada e o rastro típico de bolhas que ele deixara para trás.

Os mensageiros eram cuidadosamente escolhidos por apresentarem uma melhor mobilidade dentro da água; existiam relatos de mensageiros capazes de nadar até duas vezes mais rápido do que a velocidade média de um sereiano.

A habilidade era de uma necessidade indiscutível; em casos de urgência ou necessidade, a chegada de informações e convocações dependiam da força astronômica de suas caudas e de seus conhecimentos, quase intuitivos, a respeito da localização de todos os bleurs.

Fazia muito tempo que Sephora não via um mensageiro nadando com tanta agilidade.

“O que está acontecendo?”, ela perguntou, lançando um olhar intrigado para Worx, que manteve o semblante sério, enquanto percorriam a distância em direção a Salarka, que era o refúgio dos bleurs.

A entrada principal, por fora, parecia uma grande montanha de pedra submersa, impenetrável e, em teoria, completamente desinteressante. Era assim que os poucos humanos que passavam por ela a viam; o número ainda menor daqueles que tiveram a curiosidade de inspecionar a montanha, não encontraram nada a não ser aquilo que ela aparentava ser.

Mas a percepção humana, como de costume, estava equivocada.

Não se tratava de uma montanha de pedras, construída pela vontade arbitrária, ainda que sábia, da mãe natureza; aquilo era uma tecnologia avançada, gentilmente cedida ao bando pelos submersos; uma das inúmeras vantagens da frutífera aliança firmada entre as duas espécies há séculos.

Em alguns pontos específicos da construção, haviam sistemas de reconhecimento de digitais. Bastava que um sereiano pressionasse a palma de sua mão contra ele para que a entrada para o túnel de acesso a Salarka se abrisse.

Sephora identificou Myr nadando apenas alguns metros à sua frente e colocou ainda mais esforço em sua cauda, determinada a alcançá-lo; o tritão estava na equipe de segurança e eles eram amigos desde que eram trentins com pouco mais do que trinta centímetros de comprimento.

De alguma forma, ambos conseguiam manter a mesma relação brincalhona que os tornara melhores amigos quando eram mais jovens, mas havia algo de diferente na forma como se relacionavam depois que se tornaram dautos.

Sendo ele o braço direito de Cisus e um dos melhores caçadores do bando, Sephora tinha certeza de que conseguiria pelo menos algum tipo de explicação a respeito do que estava acontecendo.

“MYR”, seu sonido foi alto e reverberante, mas isso não fez com que o tritão diminuísse sua velocidade; estreitando os olhos, ela forçou ainda mais o músculo de sua cauda e finalmente conseguiu ficar lado a lado com ele, “O QUE ESTÁ ACONTECENDO?”.

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