Segredos Submersos

Capítulo 52 - Alex

ALEX

Alex percebeu quando Bianca voltou de seus passeios diários à ilha e esperou que ela saísse de perto do píer para pegar o jet-ski. Quando ele se aproximou do píer de concreto, Pedro surgiu do meio das árvores e caminhou a passos rápidos até ele. O garoto tinha uma expressão intrigada e pensativa que não abandonou o seu rosto em momento algum.

O menino desceu os degraus da escada de acesso do píer e, depois, pulou para o jet-ski, sentando-se atrás de Alex.

- Espere até eu parar num lugar mais reservado – Alex disse, em tom de aviso, enquanto apertava o acelerador.

Eles contornaram a ilha e o homem colocou o jet-ski no ponto morto, a uma distância razoável para evitar que ele se chocasse com as pedras submersas. Intrigado, percebeu que havia um píer ali também, mas de madeira pouco confiável e pintada de um branco já apagado e gasto em algumas vigas.

Habilidosamente, Alex se levantou e girou seu corpo, sentando-se de frente para Pedro.

- Seguiu ela? Descobriu aonde ela vai? – ele perguntou, tentando manter a ansiedade longe de sua voz, mas não tendo muito sucesso.

- Sim e não – o menino respondeu, com a mesma expressão pensativa.

Alex estreitou os olhos na direção dele, confuso com o que tinha ouvido.

- Sim e não? – ecoou – Como assim, sim e não?

- Eu fiquei escondido atrás das árvores e esperei até ela chegar. Depois disso, fui seguindo de longe com o binóculos e ela entrou numa caverna que fica mais para frente. Tem um tempinho de caminhada do píer até lá. Esperei um pouco para me certificar que ela não ia sair e entrei na caverna. Eu tive muito cuidado, mas acho que ela percebeu que tinha alguém lá dentro, porque estava sempre olhando por cima dos ombros, por isso voltei para o lado de fora e esperei por mais um tempo. Quando voltei lá dentro, a bolsa dela e o vestido que ela estava usando estavam do lado de fora de uma espécie de lago que tem lá, mas ela tinha desaparecido. Não estava em lugar nenhum e eu tenho certeza que ela não saiu da caverna. Eu teria visto, se fosse o caso – a expressão intrigada do menino se aprofundou – Voltei a me esconder entre as árvores e fiquei observando a saída da caverna de tempos em tempos, até que ela saiu de lá molhada, como se tivesse nadado no lago.

- Mas ela não nadou – Alex completou, num tom ao mesmo tempo confuso e perplexo.

- Ela não estava nadando naquele lago, isso eu sei – Pedro encolheu os ombros – Ou talvez seja um lago que deixe as pessoas invisíveis. Ou seja um portal para uma outra dimensão... Eu ainda ganho os meus cem reais, certo? – perguntou, receoso.

Alex gostaria que o menino tivesse sido um pouco mais útil, mas também sabia que seria uma injustiça negar-lhe a remuneração depois de tê-lo feito ficar horas preso numa ilha com a única missão de ficar perseguindo e investigando o paradeiro de Bianca Velasquez.

Além do mais, não queria correr o risco de enfurecer um garoto de dez anos, que poderia muito bem violar o sigilo que aquela tarefa exigia, e Alex não conseguia imaginar um jeito plausível de explicar porque pedira a Pedro que fizesse aquilo sem soar como um completo maníaco.

- Lógico que sim – Alex respondeu, com um sorriso cúmplice; ergueu-se apenas o suficiente para puxar a carteira de dentro do bolso da bermuda e puxou uma nota de cem reais, estendendo-a para o garoto.

Pedro ergueu uma das mãos avidamente, mas antes que seus dedos pudessem tocar na nota, Alex afastou-a de seu alcance, com um olhar significativo.

- Só para garantir: qual é a nossa condição? – inquiriu.

- Ninguém pode saber – Pedro recitou, ansioso, estendendo os dois braços na direção da nota.

- Muito bom – o homem sorriu, e entregou-lhe a nota. 

Continua...

N/A: Aqui está mais um capítulo!

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xx

@giizwicker