Capítulo 32 - Bianca

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BIANCA

Bianca se apressou para terminar os banheiros restantes e deixou os produtos de limpeza utilizados dentro do armário no térreo. Em seguida, correu até o seu quarto e trocou sua roupa suja por algo mais apresentável.

Quando desceu as escadas, encontrou Alex no salão principal, mexendo num notebook com uma expressão compenetrada no rosto; quando os olhos azuis dele se fixaram nela, o homem acenou para que ela se aproximasse para, em seguida, voltar a digitar rapidamente no teclado.

A mulher aguardou ao lado dele, alternando o peso de um pé para o outro, tentando conter a sua ansiedade, enquanto sistematicamente esfregava seu pingente de pérola. Tudo no que ela conseguia pensar era em Sephora e em como a amiga parecia exausta e infeliz nos últimos encontros. E ali estava ela, a apenas alguns minutos de encontrar o que poderia ser a resposta para o problema dos sereianos.

Passados alguns minutos, Alex se levantou da cadeira que ocupava em frente ao notebook e gesticulou para que Bianca se sentasse nela, o que a mulher prontamente atendeu.

Em seguida, Alex encaixou um fone de ouvido com microfones em sua cabeça e deu o comando para que uma ligação se iniciasse. Uma música de seis notas foi ouvida e, em seguida, o som de um telefone chamando ecoou em seus ouvidos.

Depois do terceiro toque, uma voz masculina atendeu:

- Doutor Lucas Vebedel, bom dia.

- Ah... Doutor Lucas, bom dia! Aqui quem fala é a Bianca Velasquez e meu amigo, Alex Pontes, me deu o seu contato. Eu tenho algumas perguntas a respeito do...

- Vazamento de petróleo! Sim, eu sei! – o homem a interrompeu, num tom de voz eficiente – Seu amigo me adiantou um pouco sobre o assunto. Um trabalho da faculdade, não é?

- Sim – Bianca respondeu, ansiosa, e percebeu que Alex a observava com uma certa expectativa; ela fez um gesto com o polegar para cima, querendo dar a entender que estava tudo caminhando bem e ele concordou com um aceno discreto de cabeça, afastando-se para lhe dar privacidade, pelo que lhe foi grata – O senhor tem acompanhado o vazamento de petróleo no nordeste do país? – ela perguntou, enquanto abria o caderno na mesa à sua frente e acionava a ponta da caneta, preparando-se para anotar as informações mais importantes.

- Oh, sim... – a voz do homem entregava uma tristeza resignada – Uma lamentável tragédia, sem sombra de dúvidas.

- Concordo – Bianca murmurou, tentando imaginar todas as formas de vida que teriam sido afetadas por essa pequena falha humana – Foram quase seis toneladas de petróleo que se misturaram com as águas. Imagino que as autoridades ambientais estejam enlouquecidas com isso.

- Não entendo porque estariam – o especialista contrapôs do outro lado da linha, num tom neutro – Eles não têm nada a ver com isso.

Por alguns segundos, Bianca foi incapaz de responder àquilo, seus lábios ligeiramente entreabertos, incrédula com o que seus ouvidos tinham acabado de registrar.

- Como é que é?! – ela exclamou, perplexa – Como eles podem não ter nada a ver com isso? Tem se... animais – corrigiu-se a tempo – morrendo por causa disso! E não são poucos!

- Ora... Bianca, não é? – ela soltou um huhum inconformado em resposta – Eu entendo isso. Como biólogo, compartilho da sua frustração. Mas, infelizmente e apesar de todos os esforços que temos feito para mudar a abordagem do assunto, vazamentos e derramamentos de petróleo só são considerados agudos quando ultrapassam o marco de sete toneladas. Se for menos do que isso, como é o caso, a parte envolvida no acidente não precisa reportar o acontecimento às autoridades competentes.

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