ALEX
Eles se encontraram no hall da pousada e foram juntos jantar num restaurante à beira-mar que ficava a alguns quarteirões de onde estavam hospedados; ainda chovia com intensidade e os dois precisaram se apertar embaixo do guarda-chuva para evitar de molharem suas roupas secas.
O restaurante estava cheio, mas não tiveram dificuldades em encontrar uma mesa para dois que ficava ao lado da grande janela que ocupava quase a parede inteira, permitindo que eles tivessem uma visão privilegiada da praia, agora vazia e iluminada por fortes holofotes.
- Quão arrependido você está por ter me chamado de louca, mesmo? — Bianca perguntou, erguendo os olhos do cardápio para fixá-los em Alex — Estava querendo pedir um vinho...
Alex soltou uma risada.
- Pode pedir — encolheu os ombros — Também estou com vontade.
Quando o garçom se aproximou para anotar os pedidos do casal, Bianca pediu uma garrafa de vinho; após anotar a referência, o homem se afastou de forma diligente.
- Obrigada pelo vestido. E pelo biquíni. E pelo jantar — Bianca suspirou, apoiando o cotovelo no tampo da mesa e o rosto em uma das mãos, observando a rua praticamente deserta e as gotas de chuva que caíam de forma insistente — Eu devia ter ouvido o Zeca...
- Ah, eu já me repreendi milhares de vezes pelo mesmo motivo hoje — Alex concordou, também voltando sua atenção para a vista da janela — Se pelo menos eu tivesse trazido um guarda-chuva...
- Ou uma capa de chuva. — Bianca completou, sorrindo para ele — E o pior é que eu já convivo com ele há mais de duas décadas. Eu devia saber. Mas isso que dá ser teimosa que nem uma...
- Porta — Alex completou, eficiente.
Bianca estreitou os olhos na direção dele, com uma expressão pouco amistosa.
- Você não é lá muito bom, né? Nesse negócio de se desculpar? — ergueu as sobrancelhas, alfinetando-o.
Alex sorriu para ela e deu de ombros, como quem assume a culpa.
Nesse momento, o garçom retornou com a garrafa de vinho e duas taças de cristal simples; encheu-as até a metade e entregou-as ao casal. Depois, anotou os pedidos e voltou a se afastar.
Enquanto esperavam a comida, os dois conversaram sobre amenidades. Uma vez mais, Alex se surpreendeu a respeito de como era fácil conversar com Bianca; ela era bem humorada e tinha opiniões interessantes e diferentes sobre os assuntos mais banais.
Continuaram conversando sem parar, até mesmo quando receberam seus pratos e, depois que tinham terminado de jantar, sentiam os estômagos cheios e ainda tinham metade da garrafa de vinho parada entre eles, reluzindo à luz das lâmpadas do restaurante.
- Ah, parou de chover... — Bianca suspirou, voltando a observar a vista da janela; o céu estava negro, com algumas estrelas se destacando e as pessoas voltavam a trafegar pela rua.
Alex observou a garrafa de vinho inacabada e teve uma ideia; com um sorriso largo, ele acenou para que o garçom trouxesse a conta. Em questão de minutos, o homem estava parado ao lado deles; estendeu um caderno de couro com a conta no interior e segurava uma máquina de cartão de créditos com a outra.
Alex analisou brevemente o pedaço de papel, apenas para se certificar de que as cobranças haviam sido feitas de forma correta, e depois entregou seu cartão de crédito para o garçom.
- Eu imagino que não posso levar essas taças para a praia, né? — Alex perguntou, indicando as taças sujas de vinho que estavam sobre a mesa; o garçom ergueu os olhos da maquineta em suas mãos e negou com um aceno de cabeça — E você teriam taças de plástico?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos Submersos
Science FictionTodos possuem segredos. Alex vem secretamente seguindo os passos de seu avô, que desapareceu numa expedição que tinha por objetivo comprovar a existência das sereias, com a esperança de redimir sua memória. Para isso, começou a trabalhar na Pousada...