ALEX
Agir normalmente pelo resto do dia exigiu de Alex um poder de concentração que ele sequer imaginava que possuía. Se fosse completamente honesto consigo mesmo, até aquele momento não sabia como tinha conseguido deixar a caverna e pegar o jet-ski.
Uma coisa era ser obcecado por um determinado assunto durante toda a sua vida. Estudar sobre ele infinitas horas. Ler e reler o velho diário de bordo do seu avô, tentando decidir se havia alguma verdade por trás daquelas palavras. Dedicar a sua vida inteira a um propósito específico.
Outra coisa completamente diferente era ter o objeto de obsessão tão próximo. Ter a certeza de que ele era real.
Alex tinha visto uma sereia. Seu cérebro não precisou de mais do que dois segundos para fazer a associação entre a criatura que estava o observando, com os grandes olhos negros, e os desenhos de seu avô nas páginas velhas do diário e os infantis rabiscos de Bianca que ele havia encontrado semanas atrás.
Quando seus olhos repousaram sobre ela e ele compreendeu o que estava vendo, a sensação que experimentou foi indescritível. Seu coração disparou, sentiu seu corpo paralisado e sua pele formigando, enquanto seu cérebro parecia querer absorver aquele momento em todos os seus detalhes.
Seu rosto estava longe de ser atraente; ele era oval e seus dois grandes olhos negros faiscavam dentro da escuridão da caverna. Não tinha um nariz perceptível e seus lábios eram uma linha fina e comprida, bem como seu avô havia descrito e desenhado. Podia ver um relance de seu corpo, que estava submerso, mas era impossível precisar quão longo era.
Nunca tinha visto uma criatura tão esquisita em toda a sua vida; mas nenhuma outra havia sido tão fascinante ou magistral.
Sentiu uma lágrima escorregando do seu olho, porque, de repente, sem pedir permissão ou independente de planejamento, ali estava a prova de que seu avô não era louco e de que tampouco o era ele por terem investido naquela busca por tantos anos.
Não era um sonho. Não era uma ilusão. Era uma realidade.
No entanto, bastou que ele tentasse se mover para deixar sua lanterna cair dentro da água e, quando baixou os olhos para ver o objeto afundando e projetando um raio de luz, a sereia mergulhou e desapareceu com tanta rapidez e agilidade que ele mal teve tempo de compreender o que estava acontecendo.
Deu por si gritando uma série de "nãos" até perceber que nada daquilo adiantava. Tentou mergulhar, mas concluiu que o outro túnel provavelmente levava ao mar e, pelo que tinha analisado, aquela era uma corrida que ele já tinha perdido. A sereia tinha partido e talvez nunca mais voltasse para aquele lugar.
"Exceto por uma coisa", ele pensou, enquanto andava em círculos dentro do próprio chalé, "Ela chamou Bianca pelo nome. Na verdade, pelo apelido".
Ele precisou de quase uma hora para se lembrar desse precioso detalhe depois do turbilhão de emoções que o envolvera, mas ele estava ali. Quando Alex ainda estava de costas, uma voz diferente de tudo o que ele já havia ouvido pronunciou "BIA" perfeitamente.
Imediatamente, a mente de Alex passou a fazer os mais diversos questionamentos. Sereias sabiam falar? Falavam português? O que aquilo significava?
Independentemente de todas as teorias que se formaram em sua mente, uma era clara: a sereia e Bianca ainda mantinham contato e se encontravam naquela câmara. Talvez fosse a mesma sereia que a havia salvado, quando era apenas uma garotinha.
Tudo aquilo era incrível demais e Alex não conseguia pensar em mais nada a não ser na sereia e na caverna.
Foi tirado de seus pensamentos pelas batidas na porta do seu chalé.
Continua...
N/A: Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas pelos meses sem atualização.
Meu notebook não está acessando a internet e tenho trabalhado muito, o que tem drenado minhas energias para fazer uma coisa tão simples quanto atualizar essa história e todas as outras... sinto muito mesmo por isso!
Para compensar esse lapso, atualizarei 3 capítulos hoje! :D
Espero que gostem! E me perdoem!
Com carinho,
Gii Zwicker.
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Segredos Submersos
Science FictionTodos possuem segredos. Alex vem secretamente seguindo os passos de seu avô, que desapareceu numa expedição que tinha por objetivo comprovar a existência das sereias, com a esperança de redimir sua memória. Para isso, começou a trabalhar na Pousada...