Thoughts

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MIA CLARKE:

Passei a noite inteira deitada, olhando para o teto, perdida nos meus próprios pensamentos. Várias coisas passavam pela minha cabeça, mas uma em especial não me deixava em paz: Billie.

Tão pouco tempo e essa garota já conseguiu bagunçar tudo dentro de mim. Eu sei o que é isso. Estou apaixonada.

Aquela pose de marrenta, jeito meio idiota, sempre se fazendo de durona... Mas eu já saquei que é pura fachada. No fundo, Billie é só um bebê – um bebê irritante, debochado e absolutamente viciante. E aquele cheiro? Deus, eu poderia passar horas falando sobre ele. Os anéis, os colares, o sorriso sacana que me desmonta, o cabelo que parece um grande algodão-doce azul, os olhos de oceano profundo, a boca carnuda e perfeitamente desenhada. As roupas estilosas e, ao mesmo tempo, estranhas. A risada que me dá arrepios. O talento que a torna ainda mais irresistível.

Tudo nela me fascina. É como se tivesse sido desenhada pelos deuses e jogada na Terra só para testar minha sanidade. E falhando miseravelmente nesse teste, eu apenas suspiro, sentindo o coração acelerar só de pensar nela.

Percebo que o céu já clareou. Amanheceu. E eu? Dormi no máximo duas horas. Me levanto, lavo o rosto, escovo os dentes e visto algo simples antes de sair rumo ao estúdio.

Billie me disse ontem que eu deveria ser YouTuber. Que eu tenho jeito, sou comunicativa e faria sucesso. E talvez ela tenha razão. Eu gosto de me expressar, de conversar, de entreter. Mas ensinar dança para crianças... não é algo que realmente me faz feliz. Não sou dançarina de verdade, só ajudo pequenos que não conseguem gravar os passos direito. Não é meu lugar.

Preciso encarar a verdade: vou pedir demissão.

No caminho de volta, passo no mercado para repor os mantimentos. Também entro em uma loja de produtos para casa e pego algumas coisas que estava precisando há tempos. Quando finalmente chego, estou exausta. É nessas horas que penso: um carro me ajudaria muito.

Depois de guardar as compras, tomo um banho longo e relaxante.

...

Estou jogada no sofá, ainda sentindo a pele quente do banho, quando meu celular vibra. Meu coração dá um pequeno salto ao ver o nome de Billie nas notificações.

"Esteja pronta às 19h."

Levanto uma sobrancelha, mordendo o lábio. O que essa garota está aprontando? Vai me levar para assaltar um banco? Se for isso, pelo menos vai ser um crime estiloso, porque eu vou bem acompanhada.

Rio sozinha com meus pensamentos e vou até o guarda-roupa procurar algo decente para vestir. Escolho uma blusa curta de lã e uma calça skinny de cintura alta, algo confortável, mas que valoriza meu corpo do jeito certo. Nos pés, um tênis estiloso. Coloco algumas pulseiras e anéis – acessórios que jamais podem faltar – e finalizo com um óculos. Uma maquiagem leve só para dar um realce e pronto.

Mal termino de ajeitar o cabelo quando ouço uma buzina do lado de fora. Pontual.

Saio rapidamente, tranco a casa e me deparo com um carro completamente preto estacionado em frente à minha porta. Okay, agora tenho certeza que vamos assaltar um banco.

Entro no banco do passageiro e encontro uma Billie com um sorriso malicioso estampado no rosto.

— Para onde vamos dessa vez, Bills? — pergunto, rindo.

Ela me encara como se soubesse exatamente o efeito que tem sobre mim. Então, sem aviso, puxa a gola da minha blusa e sela nossos lábios em um beijo demorado, que me faz esquecer de qualquer outro pensamento.

Minha mente fica em branco. Meus sentidos se reduzem ao toque dela.

Quando Billie se afasta, sua boca se curva em um sorriso satisfeito.

— Vou te levar à praia, baby.

Eu ainda estou recuperando o fôlego, com as bochechas queimando, quando solto uma risada nervosa.

— Agora sim podemos ir — ela diz, como se não tivesse acabado de bagunçar completamente minha sanidade.

Oh, Deus... o que será de mim?

•••
Mia e Billie são tão gays uma pela outra que dá até depressão

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