Era uma bela manhã de inverno e uma garota se encontrava na janela de seu quarto olhando a incrível paisagem, onde antes era ríspida e sem graça, mas dessa vez, ela não chorava como vimos no primeiro capítulo, na verdade, ela até podia chorar mas eram lágrimas de alegria e saudades. Estava prestes a pegar sua pequena mala para chegar a tempo na estação e avistar Cambridge em poucas horas afim de reencontrar um garoto, o mesmo a qual os pensamentos lhe pertenciam. Estamos em 1942 e como já deve saber, falo de Mia Ketheleen. Logo após olhar a larga e movimentada rua, saiu de seu quarto e correu até a biblioteca, para tentar fazer com que o tempo passasse rápido e que seu pai a chamasse para deixá-la na estação.
Estava completamente radiante e nem se importou com as caras odiosas de Sebastian e Euphemia, quando lhe abordaram no café da manhã. E quem se importaria? Era o que dizia para si mesma. Subiu as escadas e colocou o seu dedo à procura de um livro em especial, mas o que encontrou foi bem diferente: um enorme e pesado livro acabou chamando sua atenção; A história de Katherine Ketheleen entre páginas e palavras. O retirou com cuidado e se sentou com ele em seu colo, assim que recostou suas costas na poltrona abriu uma página do livro e passou a ler, era uma linguagem difícil de interpretar mas nada que fosse impossível. Haviam enormes gravuras onde todas mostravam figuras ricas e imponentes, chegou a pensar que estava em mais de uma daquelas chatas aulas de história sobre a complicada origem da Inglaterra, mas na verdade, estaria lendo algo sobre Katherine, algo sobre os Ketheleen, sobre si mesma.
Depois de longos minutos, que quase pareceram infinitos, ouviu seu pai a chamar e largou o livro em qualquer lugar da biblioteca. Pegou sua mala e enquanto passava pela sala de estar, pode ver sua mãe assistindo televisão, ainda do tempo em que elas eram preto e branco, e acabou lendo a notícia que estampava a manchete:
– "Após declarar guerra aos Estados Unidos no ano passado, os alemães agora partem de outros eixos e atingem diversas cidades e países com bombardeios e explosões. Comentaristas afirmam que a nossa situação está cada vez mais difícil, e que possivelmente, mas um conflito direto não demore a chegar"
A repórter falava e Euphemia parecia estar concentrada o suficiente para não perceber a filha passar na ponta dos pés por trás dela. Mas ela percebeu.
– Eu vi você – disse ainda com os olhos vidrados no jornal e o charuto na boca – Nem adianta fingir que não
– Ah! Oi mamãe! Bom dia, dormiu bem? – ranhou cuidadosamente
– Você já me perguntou isso no café... Mariana, Mariana, que há? – disse intrigada
– Apenas ansiedade mãe, nada além disso
– Sentiu tanta a falta dele assim?
– Bem, foram dois meses sem vê-lo acho que é tempo suficiente para sentirmos saudades de alguém, não acha?
Euphemia não disse mais nada, voltou a concentrar seus olhos no noticiário que passava na televisão. Mia respirou fundo e seguiu para a porta, onde Frédéric, o mordomo da casa de muitos anos, a abriu e cumprimentou gentilmente a garota que fez o mesmo. Andou pela enorme jardim e avistou o carro de seu pai e ele próprio à sua espera, impaciente pela demora. Entrou no carro e ambos não falaram nada durante o trajeto até a estação, não foi porque não quisessem, o clima frio não deixava ninguém conversar se seus pensamentos fossem apenas casacos e chocolates quentes.
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O BATER DE ASAS DAS BORBOLETAS | Edmundo Pevensie x OC
FanfictionMia Ketheleen, uma garota nem tão simples assim e que desejava acima de tudo ter uma vida comum em Finchley, é obrigada por seus pais a estudar no Colégio Experimental - rígido, igual as regras que as tradições familiares ditavam - onde acaba se tor...