8; | Terra à vista: A Ilha das Vozes |

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"Caro diário,

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"Caro diário,

Minha vida sofreu uma reviravolta inacreditável desde ontem de manhã, eu fui raptado pelos meus primos e fiquei à deriva em águas desconhecidas num barquinho ridículo, que como já descrevi anteriormente, não passa de uma cópia barata dos majestosos navios da Inglaterra. Pra piorar, eu divido minha cabine com um rato muito antipático e eu que já achava ruim de dormir com o meu primo. Até agora, todo mundo que conheci nesse lugar esquisito sofre de delírios incríveis, ir atrás de névoas verdes e procurar fidalgos perdidos, só pode ser resultado da má alimentação ou então enlouqueceram de vez. Já falei sobre a Mia? Acho que sim, mas ainda não consigo entender o que ela viu em E., sinceramente, e já falando sobre ele, primo Edmundo não é exceção, ele passa cada segundo livre esfregando a espada de lata como se fosse uma lâmpada mágica, tá na cara que ele precisa de um hobbie.

- Roedor irritante, ele delira mais que o meu primo, na Inglaterra temos ratoeiras pra bichos como ele - disse em voz alta - Falando em comida, você sabe onde eu como? - perguntou Eustáquio a um passarinho que acabava de pousar a sua frente, após deixar o diário um pouco de lado

- É... Por que está falando com passarinho? - disse um minotauro confuso para o garoto

- Ora, porque naturalmente eu presumi que... - começou ele, mas foi interrompido pelas grossas risadas do minotauro e do marinheiro ao seu lado

- Ele fala com passarinhos! - dizia enquanto caçoava do loiro

- É doidinho de pedra esse aí - disse o tripulante fazendo Eustáquio expulsar o pássaro constrangido

Como já deve ter percebido, o dia amanheceu, um dia delicioso e magnífico, mesmo que um tanto gélido. No horário da Inglaterra, seriam seis horas da manhã, e naturalmente, Mia ainda dormia em sua cabine, sozinha, já que Lúcia havia acordado há um bom tempo e costurava os mesmos remendos da noite anterior. Mas não demorou muito para que acordasse, pois, os reflexos do sol dançando no teto do camarote e entrando na cabine era muito melhor que um despertador barulhento. Levantou naquela manhã de bom-humor, mesmo ainda com sua quase venda em Felimate presa à sua cabeça e, principalmente, as palavras do comprador, mas não queria se preocupar com isso.

Se levantou e olhou as lindas coisas que trouxera das Ilhas Solitárias - galochas, botas altas, capas, xales, tudo parecia muito formidável e dessa vez, decidiu calçar alguma coisa, o chão do navio estava cada vez mais frio para continuar descalça. Teria de tomar banho, mesmo com ordens de economizar a água o máximo que desse, pois não era a única à bordo do Peregrino, então fazia o seguinte (o que ao seu ver não era nem um pouco higiênico): Pegava um grande pano e enchia um pequeno balde com água do mar até a metade, em seguida mergulhava o pano no balde e passava em seu corpo, não era algo muito bom mas não se tinha uma ideia melhor, e por mais que sentisse falta dos banhos quentes e caprichados na Inglaterra, em Nárnia era livre.

Subiu depois ao convés e olhou de relance o mar, que tinha uma coloração de um azul cada vez mais brilhante, e aspirou o ar que estava mais quente. Era um dia agradável, e percebeu isso ao ver que todos estavam animados com a missão que Lorde Bern lhes tinha confiado, todos menos Eustáquio, que ora escrevia em seu diário com palavras supérfluas as coisas tolas que percebia, ora reclamava da pouca comida. Caminhou mais um pouco desejando bom dia aos homens, e estes lhe cumprimentaram gentilmente, até se sentar perto de Edmundo e Ripchip, para saber como ia a remoção das pedras na espada.

O BATER DE ASAS DAS BORBOLETAS | Edmundo Pevensie x OCOnde histórias criam vida. Descubra agora