Mia Ketheleen, uma garota nem tão simples assim e que desejava acima de tudo ter uma vida comum em Finchley, é obrigada por seus pais a estudar no Colégio Experimental - rígido, igual as regras que as tradições familiares ditavam - onde acaba se tor...
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Os tempos nos Estados unidos nunca foram melhores. Nevava muito, as pistas cobertas de gelo eram palco de divertimento entre os visitantes, que deslizam sobre a neve com grossos casacos de lãs, luvas e cachecóis. Sebastian parecia querer recriar suas memórias juvenis, e quase sempre, mesmo com os olhares ofuscantes de Euphemia, patinava no arco montado no centro do Hotel, voltava espirrando e um pouco febril, sempre se esquecendo de cobrir as mãos.
Era a estação preferida de Mia. A neve sorrateira que despencava na soleira da janela, formando uma grossa camada de gelo, parecia lhe inspirar. Corria até seu pequeno caderninho e fazia anotações de mera poesia sobre o que seus olhos viam. Visitava Edmundo de vez em quando, batendo na porta de madeira já familiar e sendo recebida calorosamente pelos Pevensie. Ouvia histórias sobre o avô de Edmundo, outrora soldado de guerra, ou as peripécias de um ratinho saltitante que teimava em escapar das mãos de Gerta, tia-avó dele. Essa, arrancava sorrisos que ecoavam no fogo crepitante da lareira, ou no aroma delicioso dos biscoitos de Helena, ou até mesmo no chá que esquentava a alma.
– Acabaram de sair do fogo, fresquinhos! – afirmava ela com doçura retirando as luvas – Como era mesmo querido aquilo que titia sempre contava? – perguntou ao marido
– Dona Berta? Bem, ela dizia que seu pai havia sido um nobre rei da França. Coitadinha, já estava caduca naquela época...
– Não, não isso. Quando ainda estava sã, vivia repetindo que tínhamos riquezas em Navarra. Tesouros que não podemos calcular o valor... Nunca acreditaram muito nela, achavam uma completa birutice, mas eu sempre senti que fosse verdade...
***
Quando esperamos os dias se passarem, eles parecem durar uma eternidade. Foi o que Mia pensou, ao se ver com seu vestido de baile encomendado semanas antes, com detalhes de ouro e pequenas borboletas azuis, combinando com a cor do vestido, prateado. Seus cabelos estavam soltos pelas costas, com os fios avermelhados repletos de borboletinhas douradas, realçando seus olhos verde-vivos e as sardas de seu rosto. Se olhava no espelho do quarto e nunca tinha se sentido tão bonita quanto naquela noite, nem quando recebia elogios, principalmente de Edmundo, enquanto sorria abobado para ela.
– Se vovó pudesse me ver agora, ela amava vestidos assim... – disse apanhando o casaco de peles estendido no cabideiro de madeira, seus olhos se enxercaram, ela olhou para o céu – A senhora é a estrela mais brilhante da noite, parece que ainda vejo seu sorriso – uma estrela cadente arranhou os céus como um sinal, Tina estava ali, Mia sentiu.
– Pronta, filha? A carruagem chegou – chamou Euphemia na porta, vestia verde-musgo e um enorme casaco de pele, cobrindo as curvas de seu corpo, seus olhos brilhavam de animação
– C-Carruagem? – perguntou com a voz falha
– Achava que iríamos como? Bem, seu pai queria ir de carro, mas eu insisti na carruagem, contos de fadas entende – disse dando pequenas voltinhas no quarto – Adorava bailes assim quando mais nova, é tão empolgante!