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O significado de seu nome remete a uma deusa, a rainha do submundo. A mulher gentil e inocente que se apaixonou por um monstro. Aquela com uma beleza estonteante, capaz de fazer todos se apaixonarem, deuses e mortais. A filha de Zeus, que escolheu a pessoa mais improvável para se casar.

Persephone ouvira muitas vezes a mesma história, não de seus pais, mas de Anthoine. O francês amava o quão mitológico era seu nome, da tamanha história carregava, fosse de amor ou guerra. As estações surgiram através da filha de Deméter, porém também houve o outro lado, Despina, a filha esquecida. 

Demorara a entender que ela e seu irmão Lance eram a joia rara da família, e Chloe não estava envolvida. A família Stroll sempre fora riquíssima. Os pais incentivaram seus filhos a buscarem por talentos dentro de si, os dois mais novos tiveram sucesso, porém a mais velha escolheu estudar. Enquanto a jovem Percy patinava pelo gelo, o irmão queria correr no automobilismo. Seus ciclos sociais trouxeram dor e boas memórias. Ambos se entendiam, pois buscavam ser implacáveis, campeões. Isso os deixaram próximos.

Para Persephone o mundo era da cor amarela, quente e agradável. Ela vivia no eterno verão de sua vida. Patinava pelo gelo sem sentir o frio passar por suas veias, nunca sendo atingida. Dançava para si, até o mundo ser destruído. Os olhos estavam sempre concentrados nos movimentos perfeitos, em como saltava, girava e sorria. Ela era o momento. Não importava como terminaria, apenas que começou. Um amor de infância lhe fazia ter certeza que era abençoada. Encontrara em alguém a mesma vontade que aflorava no seu coração, a necessidade de chegar até o fim, sentir a adrenalina.

Até o dia que ela caiu no gelo, e ele nunca mais voltou. O sangue era tudo que ambos viram, mas somente um soltou seu último suspiro. Ela chorou, esmagou suas flores, gritou e nunca mais dançou. O mundo de Persephone era agora gélido, o inverno eterno a arremessou para o submundo, onde nunca mais voltou.

Ela correu pela chuva, acelerando como Anthoine costumava fazer para ganhar seus troféus. Bateu no volante implorando para que fosse um sonho. Apertava os nós dos dedos tamanha era a raiva que lhe consumia. Não dissera adeus, nunca o faziam. Arrependiam-se de nunca ter dito tantas coisas a pessoa que amava, seria impossível viver com tudo aquilo.

As luzes piscaram cegando-a. Violentamente freou, sendo arremessada para frente. O carro girou, até capotar duas vezes na pista molhada. Persephone não vira absolutamente nada, mas sentiu o gosto de sangue em seus lábios.

Ela não soube por quanto tempo ficou sentada, esperando a morte.

Passos a seguiram na chuva. Fechou os olhos sabendo que seriam seus últimos minutos naquele mundo desprezível, que a fez sofrer todos aqueles anos. Engolira o soluço. Estava com saudades de casa, dos abraços quentes e sorrisos que a faziam corar. Esticou o braço sem medo de cortá-lo com o vidro.

— Você veio. – murmurou emocionada – Eu esperei todo esse tempo.

Ele segurou sua mão.

Lágrimas caíram.

Veria os olhos de Anthoine novamente, viveriam juntos para sempre.

— Vou tira-la daí, querida.

Tentou afastar a mão ao ouvir a voz, porém ele a manteve perto.

— Vá embora. – pediu chorosa. – Por favor, deixe-me aqui.

— Não vou a lugar nenhum, Percy. Nunca mais. 

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