— Você não tem medo de cair? – Anthoine perguntou ao segurar sua mão.
— Você não tem medo de bater?
Ambos sorriram.
Ela estava em casa, no Canadá. Conseguia ouvir Lance correr com seu Kart alguns metrôs adiante, e sentir o cheiro inconfundível de chocolate quente, mas o mais importante, Anthoine patinava com ela naquela bela paisagem.
— Vou te contar um segredo. – ele sorriu parando de patinar para olha-la – Ter medo também é bom, porque quando chegamos até o fim, nos sentimos vencedores.
— Hum, eu sou uma vencedora sem medo.
— Então sem medos.
— Você diz isso para as crianças fazerem o dever de casa. Meu irmão é Lance Stroll, conheço essas técnicas antigas.
Anthoine riu.
— Vamos entrar, quero tomar chocolate quente.
Ele não a deixou ir.
— O que foi?
— Você não pode entrar.
— Como assim? Minha mãe destruiu a cozinha de novo?
Ele não sorriu de volta, e aquilo preocupou Percy.
— Não tem ninguém aqui, apenas eu e você.
A loira conseguia ouvir o carro de Lance correndo sem parar. Não era possível que fosse verdade. Aquela era sua casa.
— Então vamos preparar chocolate quente, seu bobo.
— Não. Não iremos.
Percy aproximou-se, tocando seus lábios com o dele. Anthoine a abraçou fortemente, mexendo em seus cabelos. Ela se sentia em casa, segura. O mundo perfeito. O verão que se mesclava com o inverno.
— Um dia me disse que seu lugar era aqui. – ele sussurrou melancólico.
— É sim.
— Não é.
Afastou-se dela, tocando os ombros femininos e a empurrando para trás.
— Acabou Persephone. Não podemos mais ficar juntos. Chegamos ao fim.
— O que? – olhou-o amedrontada.
O carro parou, e ela ouviu a batida.
— Lance! – gritou para o irmão.
Anthoine patinou para longe, tirando os patins de qualquer jeito, as lâminas ferindo suas mãos.
Só poderia ser um pesadelo.