Parecia uma eternidade. Ele precisava ir atrás dela, se desculpar, pedir para que ficasse. Charles passou por entre as pessoas ignorando os xingamentos. Chegar até o fim custou toda a sua sanidade, mas estava ali por Percy, e faria qualquer coisa por ela. Necessitava resolver o problema, ou então seria tarde, perderia Charlotte e Percy em uma única noite.
O carro da loira era diferente do que recordava, mas conseguiu chegar a tempo de entrar no seu e segui-la. A chuva o surpreendeu pelo caminho, e aquilo o preocupou. Charles era muitíssimo bom nas corridas, no entanto Persephone não estava sendo capaz de manter o carro em linha reta.
Se algo acontecesse com a Stroll, jamais se perdoaria. Era fácil viver com a morte de duas pessoas que amava, mas se fosse ela, não se recuperaria jamais. Arrancaria o próprio coração para não viver com a dor. Charles negava-se a acreditar que o mundo sem Persephone Stroll seria admissível.
As gotas de chuvas tornaram-se mais violentas, e os raios estrondosos iluminavam o céu. A tempestade vinha do mar, surpreendendo quem passava a noite na orla.
Percy continuou acelerando. No carro de Charles a velocidade estava bem alta e preocupante.
Ele precisava chegar até ela, e colocar seu carro no caminho para pará-la, ou matar definitivamente os dois. A segunda opção fez seu estômago revirar.
Seguiu em frente, usando cada brecha para ultrapassa-la. Aquela era uma corrida definitiva.
Charles prendeu a respiração ao ver um carro do lado ao contrário. Buzinou para Persephone, porém ela continuava. Os milésimos passavam diferente para os dois, enquanto Charles conseguia ter um raciocínio rápido, Percy demorou a notar.
A loira freou bruscamente na chuva, o carro capotou duas vezes. Charles gritou apavorado com a cena.
Ele não se lembra com exatidão quando estacionou e correu pela chuva, no entanto o fez. Ninguém sabia melhor que um piloto de automobilismo o que acontecia em uma pista molhada, e como um acidente simples poderia ser fatal.
Charles a arrastou para fora, tomando todos os cuidados para que não se ferisse mais. O sangue fresco esquentava seus dedos, enchia seus poros de pavor.
— Percy.
Ela lhe disse para ir embora, esquecê-la para sempre. Preferia que fosse Anthoine, e não Charles.
Manteve a cabeça dela para cima, ignorando a onda de aflição que o atingia fortemente. O medo da perda fez com que quisesse acabar com a própria vida, menosprezar os anos de conquista para ir ao inferno.
Persephone Stroll deveria ser mais feliz.
Leclerc tocou o belo rosto que possuía, sangue escorria pela bochecha pálida como lágrimas.
— Persephone. – chamou sentindo a garganta doer.
Fechou os olhos, sentando-se no asfalto. As roupas já ensopadas pela água, o corpo tremendo pelo medo.