Todo garoto sonha em entrar para a Ferrari, e com Charles não seria diferente. Ter sido aceito pela equipe mudou complete sua vida. Havia familiares e amigos torcendo por ele, para o tão esperado momento como campeão mundial. Seus sonhos não incluíam brilhar como Michael Schumacher, porém gostaria de se aproximar da lenda do automobilismo. Ele conhecera Jules Bianchi ainda garoto, quando era piloto teste da Ferrari. Por um curto período de tempo, acreditava que um dia encontraria Jules mais uma vez.
A perda de Bianchi apodreceu uma parte importante do coração de Charles. Deixou de acreditar em finais felizes no automobilismo, apenas sabia que existia uma felicidade passageira, na qual poucos aproveitavam. Ele estava conhecendo a sua agora.
Dois anos atrás subia no pódio de Monza, apontava para o céu, e deixava claro por quem vencia. Vira o céu se iluminar ao erguer o troféu. Sua segunda grande vitória. Um momento inesquecível, de dor e alegria. Naquele ano tudo que tinha de Persephone era raiva, agora ganhava seu amor.
Mais uma vez estava na pole position, ao lado de grandes nomes, tendo esperança da vitória.
Andara sorridente para a entrevista, ouvindo todos gritarem para ele. As bandeiras vermelhas eram balançadas.
Pelo caminho esbarrou em Max, os olhos azuis viraram-se para Charles, carregados por um sentimento turbulento. Fazia muito tempo desde a última vez que o via daquela forma. Confuso, pronto para uma briga, e capaz de despedaçar qualquer um.
— O que aconteceu? – cochichou.
— Não é nada.
Passara pelo monegasco sem olhar para trás.
Charles voltou a sorrir, porém não conseguiu manter a felicidade por muito tempo. O pensamento ia para Max, para o menino calado na garagem sem pronunciar nenhuma palavra, enquanto pai lhe apontava o dedo.
— Foi tudo tão incrível, caiu uma lágrima e você sabe que isso nunca acontece, principalmente quando é sua latinha velha cafona. – Percy lhe recebeu de braços abertos e olhos brilhantes – Estou orgulhosa.
— Eu também.
Ter ela ali era mais que uma vitória. Se Charles vencesse em Monza, poderia suportar qualquer derrota. Persephone se tornara um porto seguro muito importante na sua vida. Todo seu oxigênio vinha exclusivamente dela, um motivo para ultrapassar algumas barreiras antigas, esquecer o passado e a dor.
Leclerc fora recebido muito bem por seus amigos e equipe. Não conseguiu conter a alegria diante de tanto apoio. As pessoas o amavam daquele jeito tão incondicional, que ás vezes custava a acreditar, pois existiam muitos defeitos dentro de si.
Ele procurou por Max na Red Bull, mas Christian lhe disse que o holandês fora embora cedo com a filha e namorada. Jos permanecera como um fantasma aos arredores, verificando se tudo estaria perfeito para o filho. Por algum motivo recuou quando o Verstappen caminhou na sua direção. Não estava pronto para nenhum confronto.