A cada passo no corredor Charles prendia a respiração. Não queria ter dormido em um quarto tão perto de Persephone, conseguia sentia-la pelas paredes, a cada barulho e suspiro. Se fechasse as pálpebras eram seus olhos que encarava. A insistência de Carlos o levou até ali, então aceitou o álcool, com o intuito de esquecer-se da sua presença, mas bastava erguer o olhar para avista-la sozinha no ponto mais alto.
— Não entendo porque aceita passar por isso se essas pessoas te odeiam. – Charlotte perguntou deitando-se ao seu lado.
O monegasco abraçou o travesseiro.
— Carlos está aqui.
— Falando sobre situações semelhantes, me surpreende que Albon esteja aqui com Max e principalmente Pierre. Eles se esquecem rápido. – dissera com desgosto – Amanhã será você sendo substituído.
Charles não se importava com o futuro.
Ouviu um barulho de algo caindo, levantou em um sobressalto, a coluna ereta e respiração acelerada. Viu a sombra da pessoa pela fresta da porta.
— Qual o seu problema hoje?
— Nenhum.
Deitou lentamente.
Charlotte queria sexo, mas ele estava muito alheio para tentar. Ela nunca insistia, e por um instante fora bom.
Leclerc descobriu o corpo, deixando o braço ao redor do travesseiro e cabeça muito próxima da ponta da cama. A tristeza de ter ficado fora da corrida não lhe incomodava mais, o sentimento fora substituído por outro muito mais familiar e estranho. Não podia ter deixado as palavras dela lhe atingir daquela forma, nem permitir sua aproximação.
Fechara os olhos para encarar Persephone. Na sua língua estava o gosto inconfundível do champanhe que havia trago e ele rejeitara, porém no fim correra para a Ferrari em busca do espumante. Havia gemido com o gosto doce na sua língua. Charles franziu o cenho sem conseguir sentir o que realmente queria.
Estava arruinado. O garoto do passado lhe encarou de volta despedaçado.
Dormira muito mal ouvindo-a lhe chamar sem parar, ás vezes de forma doce, mas em outros momentos Percy choramingava prestes a desabar.
O café da manhã agradou menos ainda Charles. Ela era uma mulher matinal, e não despertava aparentando cansaço ou preguiça. Esforçou-se para não olha-la. Ouvia Persephone pronunciar seu nome, palavras sujas, e seu corpo reagia sem permissão. Queria calar os lábios com uma fita adesiva, mas gostava mais de mordaça.
— Você vai comigo no almoço?
— Não.
Queria encontrar Persephone daqui uma semana, ou mais. Precisava se recuperar antes, ela o atormentava bastante.
— Mas eu quero que vá, é importante pra mim. – insistiu.
— Carlos, ela não é uma boa pessoa.