My salvation • Carl Grimes

5 - primeira ronda

Acordo nos braços de Carl, tento me levantar sem o acordar. É aí que eu percebo que a noite anterior foi real.

Eu estava descendo na escada da casinha quando ouço a voz dele.

- Bom dia - ele aparece na porta onde fica a escada e eu olho para cima para ve-lo melhor e sorrio - porque a pressa?

-- Tenho uma ronda, vou buscar suprimentos hoje.

- Posso ir com você?

- Seu pai ia vir comigo, como é a minha primeira vez, mas acho que podemos conversar com ele - sorrio para Carl e ele comemora, o que me faz dar uma risada boba.

Minutos depois falamos com Rick e ele permite eu ir com Carl. Enid abre os portões para nós, ela parecia meio chateada, Carl se aproximou dela e sussurrou algo em seu ouvido, o que a fez dar um sorriso forçado. Logo depois saímos eu e ele, lado a lado, porém afastados, estávamos em silêncio.

- O que falou para Enid? - pergunto, quebrando o gelo

- Está com ciúmes? - Ele ri e me olha, com um sorriso de lado

Não o respondo, apenas aperto o passo. Fiquei receosa de parecer desesperada, mas se for pra ele ficar me beijando em uma noite e no dia seguinte fazer o mesmo com Enid, eu dispenso.

- Ah qual é! - Carl me segue

- Enid pode até aceitar você brincando com nós duas, mas eu não sou assim Grimes. Vai fazer o que essa noite? Já que ficou comigo nessa, agora é a vez dela? - falo sorrindo irônica

Pego meu skate que estava na mochila e saio andando nele. Carl fica surpreso, pois não sabia que eu levara um skate comigo. Ele corre atrás de mim para me alcançar.

- "Não se preocupe, eu sei me cuidar, você já fez muito por mim" - Carl fala quando finalmente me alcança, ofegante.

- O que?

- Foi isso que disse a Enid. Não sou esse cara que você pensa Ellie! Sim, eu já fiquei com enid, mas des de quando você chegou não cheguei nem perto da boca dela. Ela cuidou de mim, ela me ajudou, mas isso não quer dizer que eu brincaria com os sentimentos das duas dessa forma. Eu não sou esse cara.

Paro o skate e o seguro, ficando de frente para Carl. Sorrio de lado e depois olho para baixo, envergonhada.

- Me desculpa - digo, ainda olhando para baixo

- Tudo bem, eu entendo seu lado - ele levanta meu queixo com os dedos e me beija, depois sorri para mim

Ficamos alguns segundos nos encarando, mas pareceram horas. Eu amava o olhar de Carl. Me sentia tão segura.

- Porque não me ensina a andar nisso em? - Ele ri pegando meu skate.

Carl o bota no chão, sobe nele e dá um impulso com o pé.

- Carl não... - falo mas era tarde demais. Ele já havia caído no chão. Seu chapéu cobrindo seu rosto. Eu rio dele - onde você tava com a cabeça? Claro que isso não ia dar certo! - ajudo ele a levantar e rio junto com o mesmo. Ajeito seu chapéu

- Parecia fácil! - ele diz rindo

Ficamos ali, um rindo para o outro, nos aproximando, o riso diminuindo cada vez mais, foi quando Carl pegou em minha cintura.

- Eu me sinto vivo com você, sabia? - ele me puxa para um beijo calmo. Acho que foi nesse momento que eu percebi

Eu estava começando a me apaixonar por ele.

Sentamos em um lugar na estrada, Ficamos nos beijando e conversando, até que eu tive uma ideia.

- Vem aqui - pego na mão dele e o levo até o meio da estrada, boto meu skate no chão - pode subir

- Querque eu caia denovo só pra você rir da minha cara?!

- Só sobe vai! Confia em mim! - ele me olha desconfiado, mas sobe no skate, quase perde o equilíbrio mas eu seguro em sua mão - agora você não vai mais cair! Eu vou te ensinar! - ele ri pra mim e trocamos olhares, mas quase cai - cuidado! - rimos juntos

Ficamos algumas horas ali assim, eu ficava na frente dele, as vezes ao lado, segurando em suas mãos e o ajudando.

Quando ele finalmente consegue andar sozinho, subo no skate em sua frente.

- O que tá fazendo? - pergunta - nós dois vamos cair!

- Confia em mim, Carl! - rio - eu dou impulso, você só... aproveita

Eu sorrio para ele. Pego suas mãos, entrelaço com as minhas, boto na minha frente, como ele estivesse me abraçando por trás. Carl bota seu queixo em meu ombro e ficamos apenas curtindo um ao outro, nem vimos a hora passar, quando nos demos conta, já estava anoitecendo.

- Carl, tento alguém vindo! - digo, após ver um carro.

- Ah, merda! Rápido! - ele segura em minha mão e me puxa, o mais rápido possível, deixando meu skate para trás, na esperança de fugirmos do carro. Vejo passarem por cima do meu skate e o quebrarem.

Falhamos.

Os homens nos puxam para dentro do carro, nos botam na mala e vendam nossos olhos, Carl tenta impedir, porém foi em vão.

- Carl..? O que está acontecendo? -
- falo, assustada, e com a visão levemente embaçada

- Vai ficar tudo bem! Eu estou aqui com você, ouviu? - Ele segura na minha mão - Vai ficar tudo bem...

Meus olhos se fecham aos poucos e não vejo mais nada.

"Vai ficar tudo bem" é a última coisa que escuto. A voz de Carl.