Gleen me ajuda a botar Carl na cama de seu quarto, agora ele estava sozinho, apenas com a Michonne e Judith em sua casa. Aquilo fez um estrago enorme nele. Logo que se deitou na cama desabou.
- ME DEIXE SOZINHO ELLIE! VÁ EM BORA! - eu estava com lágrimas nos olhos, mas sabia que ele precisava de um tempo, então resolvi sair rápido, pegar uma água para ele e voltar.
Assim o fiz. Peguei sua água na cozinha mas ouvi gritos muito altos. Acabei deixando o copo cair no chão, mas pouco me importava. Cheguei no quarto e Carl estava trancado no banheiro. Droga! Como eu não pensei nisso antes?!
- CARL! PORFAVOR! O QUE ESTÁ FAZENDO AI DENTRO?! - falo com muito medo, acho que nunca senti tanto medo em toda minha vida, senti o mesmo medo de quando minha irmã morreu. Eu não podia perder mais uma pessoa. Eu não podia perder Carl. Eu não podia - porfavor me responda grimes! - falo chorando, botando a mão na porta e apoiando minha testa ali.
Eu só podia escutar seus soluços altos. Ele provavelmente estava sentado apoiado na porta.
- Meu amor, preciso que me escute ok? Pode porfavor fazer isso? - sem resposta, prossigo - o que está segurando? - ele não me responde novamente, ouço seu choro abafado ao invés de uma resposta - preciso que abra esta porta tudo bem?
- Eu... eu não posso... - diz Carl, com a voz cheia de dor
- Tudo bem, não tem problema, vamos dar um jeito nisso, mas eu preciso que, por favor, me fale o que está segurando. Você está sangrando? - tento manter tudo sob controle, mas acabo chorando ainda mais sem a resposta dele - porfavor não faça isso, eu preciso ouvir sua voz...
- Me desculpa...
- Tá tudo bem pequeno! Não tem problema ouviu? Não estou brava com você! - boto minha mão por baixo da porta - pode segurar minha mão? - ele demora um pouco, creio que seja pela dor, mas faz o que peço - porfavor, me deixa te ajudar... Sei que a escolha de viver ou não nesse mundo de merda é sua. Sei que as coisas são quase impossíveis como o mundo está agora, mas eu também sei que eu te amo. eu preciso de você, não posso continuar sozinha nessa merda. Porfavor, Carl, fique comigo, seja feliz comigo. Eu posso te fazer feliz, você só precisa deixar eu tentar. Eu te amo! - vejo seu sangue escorrendo em minha mão e começo a me desesperar mais ainda, faço de tudo para não demonstrar.
- Cortei meus pulsos, estou sangrando, como você disse. Eu só estou com uma faca, e estou segurando minha arma, apontada para minha cabeça... - Carl me surpreende falando, o que eu pedi para ele fazer
- Vai ficar tudo bem! Eu estou com você, porfavor, eu só preciso que você passe essa arma por de baixo da porta, se você conseguir pode me dar a faca também, vai ficar tudo bem. - digo com um sorriso no rosto, porém me acabando em lágrimas
Depois de Carl pensar por longos e dolorosos segundos, eu finalmente vejo a arma e a faca na porta. logo pego e as boto para longe. A faca estava coberta de sangue. Doía pensar que aquele sangue era de Carl. Pela quantidade, o corte havia sido profundo. Sua arma estava com sangue na parte em que segurava também.
- Muito bem! Você está indo muito bem, meu pequeno! Consegue abrir a porta pra mim? - digo, esperançosa
- amor... o sangue... o sangue não para... - diz Carl, com a voz fraca e o sorriso logo se desfaz do meu rosto
- Tudo bem! Vamos dar um jeito nisso, eu preciso que você se afaste o máximo que puder da porta, consegue fazer isso? - falo calmamente, ele sussurra um "sim" e espero ele se afastar.
Quando tenho a certeza de que ele está longe o suficiente da porta, dou um empulso e a arromba com toda minha força. Vou correndo para ver como Carl estava.
Aquela cena era sem dúvidas uma das piores que já vi em toda minha vida. O homem que eu amava, estava sangrando, seus pulsos abertos, ele havia feito apenas um corte grande, extenso e profundo em cada pulso. Provavelmente cortou uma veia em um dos braços. Aquilo era desesperador. Seus olhos estavam quase fechando por completo, o que me desesperava ainda mais.
- Carl porfavor! Fique comigo! Não durma! - eu o abraço e o beijo, para distraí-lo, mas ao mesmo tempo eu conseguia conter seu sangue fazendo pressão em seus braços. - isso pode doer ok? Você é um garoto forte, sei que aguenta essa! - sorrio para ele enquanto o deito ali, recebo um sorriso seu de volta, com os olhos fechando, quase desacordado - Me desculpa! - pego um pano, boto em sua boca, pego um vidro de álcool e vou lavando seus cortes, ele mordia o pano e se contorcia de dor, mas eu não podia parar - porfavor não desmaie! Já está acabando eu prometo! - faço carinho carinho em seu cabelo, olhando profundamente para ele
Olho dos lados e vejo seu lençol branco, não dava tempo de leva-lo a enfermaria, tive eu mesma de tratar dele ali. Peguei os lençóis, amarei em seus pulsos com toda a força, para aquele sangue parar.
- Vai ficar tudo bem agora, meu amor. Me desculpe! - ele tira o pano de sua boca e me beija, logo em seguida desmaia.
Carl cai em meu braços e eu o seguro, grito por socorro o mais alto que posso. Ele provavelmente vai precisar de uma transfusão de sangue. Eu precisava leva-lo a enfermaria, mas não consigo o carregar até lá, então eu apenas grito. Grito por socorro e torço para alguém me ouvir e ajudar Carl.
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My salvation • Carl Grimes
FanfictionEm meio a um apocalipse zumbi, as pessoas esquecem que algumas delas ainda tem sentimentos. Após a morte de sua mãe e viver sua infância com traumas em um mundo apocalíptico, Carl tem seu psicológico altamente afetado. Ele perdeu totalmente sua luz...