39 - Negan

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                              Negan

Dia 23 lá estava eu, segurando a única lembrança que eu tinha das minhas filhas e minha esposa.

Antes de tudo, Lucille era o nome de minha esposa. Costumávamos brincar no quintal da nossa casa com aquele taco.

Eu, Lucille, Ellie e Lizzie.

Sorrio ao lembrar da tarde específica quando eu empurrava as meninas no balanço depois de jogarmos com aquele taco.

Foi a única coisa que me restou delas.

Eu não sei se estão vivas ou mortas. Não faço a menor ideia. Bom, pelo menos não faço a menor ideia de como Lizie e Lucille estão. Ellie é um caso diferente.

Me arrependo com todas as minhas forças de ter saído de casa naquela noite. Eu levei o taco, fuji como sempre fazia quando brigava com minha esposa.

Eu via as meninas dormindo juntas na mesma cama quando as coisas se acalmavam. Sempre que brigávamos eu mesmo passava no quarto delas para chegar como estavam. Ela tinham medo dos nossos gritos.

Mas naquela noite, eu não pude passar no quarto das meninas. Eu saí de casa. E nunca mais voltei.

Ou melhor, voltei algumas vezes, mas aquele lugar não era mais nossa casa sem minha família.

E lá estava eu, mais um aniversário de minhas filhas a caminho daquela casa. Não sei porque todo ano fazia aquilo, era automático.

Nem Simon podia vir comigo quando fazia essa viagem. Sempre vou sozinho. Todos os anos, des do começo.

Chego naquele lugar. Escuro, pego uma vela em uma das gavetas e acendo. Me sento no sofá junto a Lucille, o taco. Volto para a minha realidade. Elas não estavam lá. Elas não voltariam.

Exeto Ellie.

Em seu quarto – ou pelo menos o quarto que era seu há anos atrás – vejo seu urso de pelúcia em sua cama.

Várias memórias me vem a mente.

Por mais que fossem gêmeas, As duas meninas não eram nada parecidas. Até na personalidade. Lizzie nunca gostou de bonecas, ao contrário de Ellie.

A vi crescer com aquele pequeno ursinho em sua cama.

Foi seu primeiro brinquedo. Eu dei a ela logo quando saiu da maternidade. Des de então, não desgrudava dele.

Brincávamos de dar um chá da tarde cok.aquele ursinho. Todas as semanas, sempre nas sextas.

Sorrio bobo ou me lembrar dessa frase de Ellie.

— Vamos ter chá da tarde hoje com o sr. neg, Ellie?

— Não, papai! São só nas sextas!

É como se eu pudesse ouvir sua voz delicada ali, sentado à sua cama com o brinquedo de pelúcia, cujo nome era "sr. neg"

Nunca entendi esse nome, não me lembro de onde surgiu, mas posso me lembrar que era esse.

Agora, deito em sua cama, olhando para o teto.

Eu sentia algo com aquela garota. Ela não era só mais uma mulher comum em Alexandria. Eu sabia que tinha algo de diferente, parecia que a conhecia há anos.

Nessas últimas semanas a única coisa que se passa na minha cabeça é a possibilidade dela ser a minha Ellie.

Não sei seu sobrenome. Se pudesse descobrir apenas isso eu podia ter certeza.

Ah cacete, é claro! Seu cabelo!

Com 6 anos, descobrimos que ela tinha um problema de genética, na qual com a mudança de clima e ambiente, a cor de seu cabelo mudava.

Havia estações que ela estava loira, outras seu cabelo estava castanho claro, algumas levemente ruiva e outras um marrom escuro.

Ellie era minha filha. Ela está viva.

My salvation • Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora