Yago Takahashi
- Então ela não vem mais aqui, faz muito tempo? – perguntei mais uma vez ao dono da barraquinha de algodão doce.
- Sim, depois da festinha de aniversário da Senhorita Panda em 2000, apenas apareceu aqui duas vezes e nunca mais foi vista.
- E nessas duas vezes, como ela estava? – guardei a foto no bolso da calça social.
- Estava com a cabeça baixa e sempre ia embora chorando.
- Porque?
- O melhor amigo dela, nunca mais apareceu, aquele dois só viviam juntos e do dia para noite, nunca mais foi visto. Como era mesmo o nome dele? – olhou para o carrinho de algodão doce – Yago Takahashi, se eu não me engano, voltou para a Coreia faz alguns dias, porém ainda não o vi por aqui.
- Então, ela chorava por causa do melhor amigo?
- Sim, meu jovem.
- E por acaso o senhor sabe onde ela morava?
- Sim, porém a alguns dias infelizmente a casa que ela morava com os pais, acabou pegando, ou melhor dizendo, a maioria das casas.
Respirei fundo passando a mão em cabelo, aquilo não poderia acontecer, depois de tanto tempo quero saber como ela estava, chegar aqui e saber que minha Senhorita Panda não estava mais entra nós, era doloroso.
- Ela...
- Não, pelo que fiquei sabendo não, apenas os pais.
Respirei aliviado, porém precisava saber onde ela estava, ou seja, voltei ao início da corrida.
- E o Senhor sabe onde ela pode estar?
- A única coisa que sei, é que ela foi morar com os padrões dos pais dela.
- E onde seria.
- Meu jovem, isso já não sei. Mas posso passar o antigo endereço do trabalho dela, não sei se ela ainda está trabalhado nesse local, mais a dona era uma grande amiga dos pais dela.
-Seria de grande ajuda.
Sentado no antigo banco de quando era criança, olhava para o pedaço de papel onde estava o endereço do trabalho onde a Senhorita Panda poderia estar, acho que nunca estive naquele lugar, porém alguma coisa me dizia para ir o mais rápido possível, mas não naquele momento, pois ainda precisava ir a empresa e ainda era segunda, pelo menos tinha alguma coisa em mãos e creio que Deus estava comigo.
Realmente estava chorando, pois não sabia como ou onde ela estava, poderia está passando alguma necessidade, ou até mesmo não ter um lugar para dormir, já que também perdeu os pais em um incêndio, assim como a Sol. O estranho era que elas moravam no mesmo bairro, então provavelmente se conheceram.
- Se eu perguntar para a Sol sobre a Senhorita Panda, será que irei ter alguma resposta? – olhei novamente para o papel – me dê um sinal Senhor...
- Iseul? – uma voz soou em minha direção.
Olhei em direção de onde ela vinha e vi a menina que ajudei alguns dias atrás. Como o mundo pode ser estranho? Ajudei ela e agora está morando na minha casa. Creio que Deus tem grandes obras em sua vida, afinal, pelo que já a conheço, sua fé é enorme, pelo menos ela está tendo uma oportunidade de se levantar novamente, depois do falecimento de seus pais.
Sol parou em minha frente rapidamente e começou a passar a pequena mão pelo meu rosto na tentativa de enxugar minhas lágrimas, porém era uma inútil, já que outras acabavam escorrendo mais. E nisso, ela começou a dizer algumas palavras, porém não estava escutando, pois estava com fone de ouvido e em seguida me deu um abraço.
Fiquei paralisado, já que apenas minha mãe fazia isso e mais ninguém, ok, as vezes meu pai e meu irmão, mas, pessoas estranhas não.
Rapidamente me afastei dela, me levantando e tirando os fones de ouvido os guardando no bolso. Olhei para ela, que estava com a cabeça baixa e suas mãos estavam em frente de seu corpo, meio sem jeito. Reparando com mais calma, percebi que sua mãos direita, havia uma aliança simples prata, sem nem um detalhe.
“Será que ela tem algum compromisso com alguém? Mas, pelo que conversei com Adrian e mamãe, ela não se relaciona com ninguém, então porque desse anel?” , pensei comigo antes de virar as costas e dizer:
- Venha, vamos comer alguma coisa, antes de ir para a casa.
- Ah...tá bom.
Ela começou a andar ao meu lado ainda sem jeito, como essa menina poderia ser tão fofa mesmo tímida? Ah, Senhor...espero que a Senhorita Panda, esteja bem, e que continuei com seu jeitinho que fez meu coração se apaixonar deste a primeira vez que a vi.
Ao chegar em frente à barraquinha de cachorro quente, pedi dois, apesar de não está com muita fome, queria passar mais alguns minutos como Iseul, antes de assumir minha verdadeira identidade. Entreguei o espeto para ela e continuamos a caminhar, mesmo em silêncio, sabia que ela queria dizer algo, porém, sabia seria um pedido de desculpas.
- Iseul...
Sua voz suave disse baixinho.
- Olha...eu não queria ter feito aquilo com uma má intensão, porém vi que você precisava de um ombro amigo.
- E foi porque eu precisava de um ombro amigo, você me deu um abraço? – parei de andar, mais sem olhar em sua direção.
- Sim! Quer dizer não!
Fiz não com a cabeça e voltei a andar indo em direção ao carro onde Lee estava nos esperando.
- Iseul! – ela puxou meu braço, o que me fez parar de andar – Olha, me desculpa, tá bom? Só que eu não gosto de vê as pessoas tristes e acabo ficando sem saber o que fazer.
- Tudo bem Sol, apenas...
- Você está bravo né? Tivemos uma pequena discussão hoje de manhã e agora isso...porque sempre me coloco em situações difíceis? – cruzou os braços em frente de seu corpo.
- Sol, eu não estou bravo – voltei a caminhar a puxando para ir junto comigo – apenas, fiquei sem jeito, afinal, nenhuma pessoa tinha me abraçado antes, sem ser minha família.
- Sem jeito?
- Sim...sou meio que tímido e fechado para isso, entende?
- Ah sim, você está querendo dizer que nunca namorou?
Sorte que já estávamos do lado do carro, abrir a porta e a coloquei rapidamente no banco de trás.
- É por isso que ficou vermelho?
- Lee, leva ela para a casa.
- Mas, você precisa ir para a empresa Iseul.
- Dou o meu jeito – fechei a porta de trás e me afastei do carro.
- Você é tímido mesmo?
Foi a última coisa que ouvir dela, antes do Lee começar a dirigir o carro.
- Eu? Vermelho? – passei a mão pelo rosto – Falo nada para você Sol.
Comecei a sorri e seguir a caminho da empresa.
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O Senhor Me Ouviu
DuchoweSol Song, uma jovem cristã se ver sem saída ao perder tudo o que tinha, em um incêndio onde infelizmente seus pais acabaram falecendo, deixando apenas uma carta onde dizia para ir até a renomada Mansão Takahashi. Uma família muito popular na elite...