Narradora Point Of View
O sinal abriu, e a quantidade exorbitante de pessoas em seus respetivos dias rotineiros atravessou, sem se importar com o facto de que vez ou outra esbarravam-se uns aos outros. E ele estava lá: as duas mãos dentro do sobretudo grosso, os ombros encolhidos enquanto tentava inutilmente desviar de todas aquelas figuras humanas que pareciam não ter educação ou empatia com os outros, a mochila presa nas costas e a mente focada na melodia suave que ecoava através dos fones de ouvido. Balançava a cabeça de um lado para o outro no ritmo da música enquanto caminhava de forma apressada pela calçada lotada.
Desviou uma última vez de um casal que andava de mãos dadas em meio a uma conversa aparentemente animada pela forma que ambos sorriam, e entrou finalmente no lugar, vendo algumas gotas de chuva começarem a cair lá fora.
_ Bom dia Poncho.- Sophia cumprimentou desviando o olhar do livro que estava entre os seus dedos para encarar o amigo. A loira terminou de limpar o objecto de grossa espessura e em seguida voltou a colocá-lo na prateleira.
_ Bom dia Soph! Bom dia Chris.- Ele sorriu fraco, e retirou a mochila preta das costas.
_ Bom dia Boss.- Christian sorriu. Estava entre duas prateleiras apenas anotando em sua lista os livros que estavam em falta. Ele e Sophia conheceram Alfonso desde o jardim de infância, foram afastados quando o mesmo mudou-se para Itália tornando-se em seguida um dos melhores escritores do mundo. Mas, apesar da distância física, os três mantiveram o contacto por todos aqueles anos, e quando Alfonso contou que voltaria para NY para cuidar da biblioteca da família e que precisaria de dois ajudantes, eles se ofereceram mesmo antes de saberem o quanto ganhariam pelo trabalho.
Dinheiro não importava, afinal!
_ Chegaram livros novos?.- Alfonso encarou Sophia de cenho franzido.
_ Sim, ontem eu enviei uma mensagem avisando que havia pedido a reposição dos que acabaram, e também o novo carregamento.- A loira disse subindo os três primeiros degraus da escada.
_ Va bene.- Assentiu sorrindo.- Esqueci o meu celular na casa dos meus pais e apenas hoje fui lá pegar, mas obrigada. Eu vou lá dentro, tenho algumas coisas para fazer.
Alfonso caminhou para o escritório no fundo do corredor, e logo batidas foram ouvidas na porta. Era Christian, avisando que estava indo buscar alguns catálogos, ele estendeu o cheque na mão dele, pegou as notas fiscais dos livros que Sophia estava arrumando e as analisou. O seu momento favorito, era definitivamente andar pela biblioteca, conferir os livros que estavam faltando e repor os mesmos. Gostava de ter aquele contacto, como se de alguma forma pudesse absorver todas as informações que os mesmos ofereciam.
As horas passaram rápido, e quando deu por isso já era horário do almoço. Estava tão concentrado em seu trabalho, que nem sequer notou o roncar de seu estômago. Mas, antes mesmo que pensasse em deixar o escritório, a porta de madeira foi aberta e por ela entrou Sophia com duas sacolas, uma em cada mão.
_ Veio almoçar comigo de novo?.- Questionou assim que viu a amiga puxar uma poltrona e sentar-se ao seu lado.
_ O Chris ainda não voltou, e você sabe que eu não gosto de comer sozinha.- Disse, e estendeu uma sacola na direção dele que agradeceu com um sorriso afetado. Apesar de serem os três melhores amigos, Alfonso sempre teve uma maior afinidade com a loira sentada bem na sua frente. Exatamente por isso que, apenas Sophia sabia sobre ela.
_ Perché mi guarda così?.- Alfonso ergueu os olhos na direção da amiga que sorriu antes de bebericar uma boa quantidade do refrigerante. True colors de Cyndi Lauper, ecoava baixinho através do computador.
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A Artista
FanfictionA Artista, é sobre ser o que se é mesmo convivendo com a ignorância e falta de senso dos outros. Anahí tem a sua própria galeria de arte. É uma mulher que apesar de todas as dificuldades em que sempre se viu, consegue pensar em um milhão e meio de c...