Kant

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Mais um para vocês!

Boa leitura.

Os erros concerto quando der.

...

Amor à primeira vista é alma trocando
de corpo feito pássaro de ninho, é sede
repentina, sede da água do outro...

Desconhecido

Pela manhã, eu era apenas boa em fazer duas  coisas: trabalhar e correr das pessoas. E quando não fosse dia de trabalho, eu preferia mesmo não fazer nada.

Não que ir ao mercado com a Maite fosse algo como ser impossibilitada de respirar, mas ela conhecia todo mundo, queria cumprimentar outra metade do mundo, e isso tornava uma pequena ida ao shopping em um evento demorado e torturante.

_ Ainda falta muito?.- Perguntei realmente aborrecida. Ela apenas olhou para mim, e logo voltou a conversar com a moça do caixa. 

Soltei uma lufada de ar quente, e como não tinha muito mais o que fazer, resolvi caminhar entre as prateleiras daquele lugar enorme. Tinha noção dos três jornalistas que estavam do lado de fora com cameras erguidas em minha direção através do vidro. Aquilo acontecia com uma frequência assustadora, mas eu não gostava deles muito perto. A Maite gostava, e até mesmo arriscava-se em pousar para algumas fotos, e eu praticamente corria deles. Alguns conseguiam ser bem inoportunos.

E lá estava eu, olhando feito uma idiota para quantidade exorbitante de absorventes que preenchiam aquelas prateleiras, quando senti um corpo esbarrar em mim pela centésima vez só naquele semana.

Céus, parecia que o meu corpo possuía um íman para atrair outros corpos!- Pensei enquanto me agachava para pegar a minha bolsa. E foi então que vi um pequeno pedaço de papel no chão.

Rapidamente fiquei em pé para chamar pelo desconhecido, que nem teve a decência de se desculpar por quase ter me matado, e devolver o pequeno objeto, mas ele já estava fazendo a curva para alcançar a saída, e eu só vi o sobretudo azul escuro e os cachos do cabelo. Por um momento eu pensei que... claro que não! O destino não seria tão louco ao ponto de me fazer esbarrar em uma única pessoa por não sei quantas vezes ao dia, ou seria?

Mas, quantos seres humanos em NY, tinham cabelos cacheados escuros e utilizavam sobretudos com uma frequência impressionante?

Isso mesmo, muita gente!

_ Aí está você maluca!.- A voz da minha amiga despertou-me de qualquer pensamento incoerente que se passava em minha cabeça naquele momento. Ela empurrou o carrinho de compras em minha direção e franziu o cenho antes de perguntar.- O que aconteceu com você?.- Perguntou certamente ao enxergar a minha expressão desconcertada.

_ Acharia loucura se eu dissesse que esbarrei novamente em alguém de cabelos cacheados escuros, e que usava sobretudo?.- Enviei a mão com o papel no bolso da minha jaqueta.

_ De novo?.- Maite questionou enquanto a gente caminhava para fora do lugar. Sim, ela sabia de todas as outras vezes que eu esbarrei em alguém, sabia também dos desenhos porque eu não conseguia esconder nada dela.- Talvez seja o amor da sua vida enviado pelo destino.- Falou, a voz tendo subido alguns graus acima. E eu ri negando com a cabeça.

_ O amor da minha vida é você, esqueceu?.- Perguntei com uma falsa tristeza. Ela apenas piscou o olho para mim, e se inclinou para beijar a minha bochecha antes de retomarmos a nossa caminhada até ao carro.

Lembra das minhas palavras lá encima, sobre alguns jornalistas serem bem inoportunos? Então, eu estava certa. 

Eles tiraram fotos nossas desde o momento em que nos afastamos da entrada do shopping, e só nos deixaram em paz após a Maite ter ameaçado chamar a polícia. Até ela, que era um verdadeiro poço de simpatia conseguia ficar irritada com eles. Mas também, quem mandou ela ser a dona de uma empresa mundialmente famosa?

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