Jesse 2

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Sophia Bush Point Of View

_ O que é isso?.- O italiano mais lindo do mundo, e também o meu melhor amigo, perguntou assim que me viu adentrar em sua sala com um buquê de flores e uma sacola em mãos. Preciso confessar que o que quer que estava dentro daquela sacola cheirava maravilhosamente bem.

_ Aqui diz que é para olhos lindos.- Murmurei, tentando seriamente segurar o meu riso.- Eu só não fico aqui para ler o resto da mensagem porque tenho muito trabalho.- Disse, e sem esperar uma resposta, pousei as coisas encima da mesa e dei as costas saindo da sala.

E não é como se eu não soubesse quem era a responsável por enviar aqueles presentes. Depois do vídeo que a Maite enviou para mim no WhatsApp, em que Anahí e Alfonso estavam trocando um beijo nada inocente enquanto a cachorrinha escondia a face no tapete felpudo como se realmente entendesse o que se estava passando, eu soube que a noite havia sido boa, e não poderia ficar mais feliz. Ver Alfonso encontrar um amor depois de tudo que passou nas mãos daquela mal amada da Diana cara de cú, era meio que um sonho tornado realidade. Ele sempre foi a pessoa mais dedicada do mundo, e desde que nos conhecemos, nunca mais soltamos a mão um do outro.

Alfonso esteve comigo nos piores e melhores momentos da minha vida. Quando perdi a minha mãe para o câncer, ele abandonou tudo que tinha para fazer na Itália e veio ficar comigo. Só foi embora quando a editora com quem ele trabalhava exigiu. No jardim de infância eu meio que gostava de roubar o lanche dele porque sempre achei mais deliciosos, então ele passou a levar dois, um para mim e outro para ele. 

_ A senhora ainda não encontrou?.- Uma voz irritante ecoou pela biblioteca, me deixando fazendo revirar os olhos.- Eu preciso desse livro, mocinha.

_ É como eu já disse senhor, nós não temos esse livro aqui.- Respondi após soltar um longo suspiro. O homem deveria ter por volta dos cinquenta anos, cabelos brancos, barba branca e uma barriga do tamanho do meu sofá. Ele entrou na biblioteca minutos antes da encomenda para o meu amigo chegar, exigindo a porra de um livro que eu muito educadamente respondi que não tinha, mas o ser humano insistia em dizer que eu não estava procurando nos lugares certos.- O senhor pode ir procurar em outra biblioteca, ou deixar o seu número para nós entrarmos em contacto quando o próximo carregamento chegar.

_ Não entendo porque insistem em contratar mulheres se não conseguem fazer nada de jeito.- O barrigudo resmungou, enfiando a mão dentro das calças, provavelmente coçando as bolas murchas. Nojo, nojo.- Eu não saio daqui sem esse livro.

_ Então o senhor vai continuar esfregando as bolas até elas caírem de suas mãos porque eu não vou procurar um livro que não tem aqui.- Apoiei a mão por cima do balcão e inclinei o corpo para frente, encarando fixamente o ser humano. Algumas pessoas, aquelas que estavam mais perto e que tiveram o prazer de escutar as minhas palavras, nos encaravam de olhos arregalados. Foda-se.

_ Escuta aqui...

_ Escuta aqui você.- Interrompi apontando o dedo na cara dele.- Não é por eu ser mulher ou por estar atrás desse balcão que eu sou obrigada a aceitar qualquer tipo de falta de educação. O senhor é só mais um velho que não tem o que fazer, e pensa que é o dono do mundo só porque tem um pau, que já nem funciona, no meio das pernas.- Isso! Comemorei internamente quando vi os olhos deles se arregalarem.- Então eu peço muito encarecidamente que vá embora antes que eu chame a polícia.- Avisei balançando o telefone no alto.

Ele me encarou durante alguns segundos, os lábios entreabertos, e em meio a resmungos e muitas outras palavras feias, saiu da biblioteca certamente com o ego ferido. Homens não suportavam ter ao seu redor mulheres que sabiam se defender. Infelizmente, alguns deles ainda cultivavam o pensamento de que mulheres precisavam depender única e exclusivamente deles; abaixar a cabeça diante de uma merda que eles fizeram e simplesmente dizer sim quando eles chegam bêbados em casa e querem comer o nosso cú. 

A ArtistaOnde histórias criam vida. Descubra agora