Write On Me

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_ Eu não quero mais sair.- Falei desviando o olhar envergonhada. Havia uma pilha de roupas espalhadas em minha cama, o que já começava a me deixar com dores de cabeça, e uma Maite com a cara enfiada dentro do meu closet.

Depois que Alfonso deixou a minha sala, fiquei tão nervosa, que precisei ligar para Maite e desabafar tudo o que tanto me incomodava. E tão logo soube que eu, Anahí Portilla, teria um encontro lá pelas 5h da tarde, a morena exigiu que eu tirasse o resto do dia de folga e lhe encontrasse em casa para juntas escolhermos a roupa perfeita.

E lá estava ela, jogando tudo quanto era roupa em minha cama, e insistindo de todas as maneiras inimagináveis que eu deveria ir nesse encontro, o quede certa forma parecia ser um absurdo. Por que afinal, o que eu poderia fazer ou dizer sem correr o risco de me perder em meus próprios pensamentos?

_ Você está sendo absurda.- Maite falou logo que saiu do closet com um vestido preto bem simpleszinho, um sobretudo branco, um par de sandálias de salto médio na cor preta, e uma bolsa combinando.- Não existe motivo algum para você ter medo de ir encontrar o seu escritor.

_ Ele não é meu escritor, Maite.- Rebati emburrada, e ela riu negando com a cabeça.- Além disso, eu pouco o conheço, e não digo isso por birra. Eu realmente pouco sei dele, ainda, e ele desperta essa estranha curiosidade de o conhecer. O Alfonso parece ser interessante demais para deixar ir sem causar algum efeito em sua vida, e isso me assusta muito.

_ Olha para mim.- Ela pediu em um tom carinhoso, e apesar das lágrimas que já se formavam em meus olhos, assim o fiz.- Você está pensando demais.- Disse, os olhos fixos em mim.- Lembra do que eu disse na nossa última conversa?

_ Para preencher uma linha de cada vez?

_ Exatamente.- Sorriu.- Deixa fluir, apenas... viva! Vai correr tudo bem.

Certo...Eu precisava acreditar naquelas palavras.

O banho durou mais tempo que o normal, não por achar que não estava suficientemente limpa, apenas... os azulejos brancos que cobriam as paredes do banheiro, pareceram muito interessantes, tanto que eu precisei contá-los, de novo.

_ Você pode por favor arrumar isso?.- Perguntei com uma careta, indicando a pilha de roupa muito a vontade em minha cama.- Não consigo mais olhar para isso sem ter um ataque de nervos.

_ Prometo arrumar tudinho depois que você terminar aqui.- Maite jogou o vestido em minha direção, e em seguida cruzou os braços na altura do peito, enquanto me observava desliza-lo delicadamente sobre o meu corpo.

Logo vieram os brincos , discretos porque eu não gostava de usar nada absurdamente chamativo, as sandálias, o perfume em pontos que ela alegava serem estratégicos e o sobretudo branco por cima dos meus ombros, alcançando até os meus joelhos. O cabelo terminou preso em um coque no alto, deixando a minha nuca exposta demais para o meu gosto.

_ Está perfeita.-  Ela me encarou, os olhos brilhando como se tivesse diante de uma das suas melhores obras.

_ Obrigada.- Agradeci, a cabeça baixa e um sorriso contido nos lábios.- Vai ficar bem sem mim?.- Perguntei enquanto caminhávamos em direção a sala.

_ Irei morrer de saudades, mas é por uma boa causa.- Falou, piscando o olho esquerdo para mim.- Lembre-se que se em algum momento você se sentir desconfortável por alguma coisa, por mais mínima que seja, pega um táxi e vem para cá, tudo bem?.- Orientou, a voz agora ecoando ligeiramente preocupada, o que me fez assentir rapidamente.

Li em um livro que não era muito bom preocupar mulheres grávidas.

Após um abraço rápido, Maite chamou o elevador e praticamente empurrou-me para dentro da caixa de metal.

A ArtistaOnde histórias criam vida. Descubra agora