A Artista

Jesse

Eu volto... com a alma sangrando, o coração despedaçado, mas eu sempre volto para vocês.

...

Narradora Point Of View

Anahí despertou naquela manhã com a percepção de que não estava em sua cama. A luz do sol que entrava pela janela fizeram-na piscar os olhos repetidas vezes até que se focou na imagem de Alfonso dormindo profundamente. Ele estava de costas, dando à ela apenas a visão dos cachos negros, dos músculos tensionados de forma perfeita, do quadril magestosamente iluminado pela luz do dia. 

Ela suspirou, perdida em lembranças da noite passada. Podia vê-lo agora mesmo beijando os seus lábios de forma delicada, encarando-a como se fosse alguma obra prima muito rara, investindo nela com intensidade, mas ainda assim com amor e delicadeza.

O barulho do celular trouxe-lhe de volta a realidade. Ela virou o rosto, vendo o aparelho piscar, e na tela escrito "hoje é um bom dia para fazer arte". Era simplesmente o alarme dela. E por mais que quisesse, ela não podia simplesmente dar-se ao luxo de observar os contornos da pele dele quando tinha uma exposição para organizar. As coisas na galeria estavam realmente apertadas, tanto que nenhum deles estava tirando o dia de folga.

E foi então que com todo cuidado, ela se aproximou dele, o corpo apoiado pelo cotuvelo.

_ Alfonso...- Chamou, a voz ecoando baixa.E apesar da relutância em sua palavra, aquilo foi o suficiente para que ele movesse o rosto na direção dela, olhando inicialmente confuso e depois verdadeiramente feliz.- Olá.- Ela murmurou, fazendo um joinha com o polegar.

_ Hey...- A voz rouca soou como música aos olhos dela.- Tutto bene?.- Questionou, vendo ela apoiar a cabeça novamente no travesseiro, os olhos azuis brilhantes.

_ Sim, mas eu... huh, eu queria mesmo ficar aqui olhando para o seu rosto porque você fica verdadeiramente lindo ao acordar, mas eu preciso ir embora para me arrumar para o trabalho e dar um beijo em Luna. Eu meio que saí sem me despedir, e ela deve estar levemente irritada.- Falou em um só fôlego, suspirando pesadamente em seguida. Alfonso observou a mulher deitada bem na sua frente, os cabelos caindo em cascata pelas costas, a pele protegida por um simples lençol de seda, pensando que não poderia ter feito escolha melhor do que aquela de desbravar o mundo ao lado dela.

Então ele sorriu de forma genuína, erguendo a mão para levar os fios do cabelo que cobriam o rosto dela atrás da orelha.

_ Eu levo você.- Falou lentamente, a mão descendo preguiçosamente pelo braço até alcançar o quadril dela por cima do lençol, puxando-a mais para perto. Anahí sentiu o mesmo arrepio da noite anterior tomar conta do seu corpo, e sem dizer nada escondeu o rosto na curva do pescoço dele, respirando profundamente.- Eu comprei um carro, sabia?.- Ele perguntou, sentindo a mão da artista invadir o seu cabelo pela raiz e iniciar um carinho gostoso ali.

_ E-eu... eu não...- A voz se perdeu no fundo da garganta no exato momento em que a mão de Alfonso adentrou o lençol, tocando a pele da barriga dela sem nenhum pingo de vergonha na cara. Anahí sentiu o rosto esquentar, se movendo inquieta.- O que...eu... você... você quer mais?.- Ela perguntou, afastando o rosto do pescoço dele e revelando os olhos arregalados.

_ Estaria mentindo se dissesse que no.- Respondeu, a língua presa entre os dentes para não rir.- Mas, eu estava apenas fazendo um carinho na minha namorada.- Explicou tranquilamente, sem deixar de movimentar a mão pelo corpo dela.- Não vai me dizer que ainda está com vergonha, anche dopo tutto?

_ Eu sou uma idiota.-Murmurou, um bico manhoso em seus lábios, o que fez o escritor e bibliotecário rir abertamente.

_ Você é linda,  em cada pequeno detalhe.- Sussurrou, o olhar se perdendo na boca dela levemente aberta.- Cada contorno seu é perfeito, amore mio, não deveria se esconder de mim.- Insinuou, inclinando o rosto para em seguida depositar um beijo na bochecha dela que corou mais ainda.- Eu vou tomar banho rápido, e já te levo em seu apartamento para se desculpar com a Luna e se arrumar para o trabalho, tudo bem?.- Anunciou, se levantando da cama, deixando o lençol para trás.