FIM

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Anahí Portilla Point Of View

Eu não tinha noção de que horas eram exatamente, o sol já se punha, então poderia imaginar que era final de tarde. Pela manhã Alfonso precisou correr para a biblioteca porque surgiu algum problema que Sophia não conseguia resolver, e ficamos apenas eu e ela, dona de todo meu tempo e minha preocupação diária. 

Se alguém me perguntasse se eu gostava de ser mãe, eu responderia com toda certeza que não pois eu tinha a maternidade como algo absurdamente desgastante. Desde o momento que ela saiu de mim, chorando, reivindicando seu espaço no mundo e quebrando completamente a calma da minha vida, ela se tornou o pior pesadelo de uma mulher como eu, autista. Mas, apesar de tudo isso, de detestar a maternidade com todo meu coração, eu amava a minha pequena Rose com todo meu ser, e tentava fazê-la perceber isso em cada pequeno esforço que fazia para me manter mentalmente sã, de modo a atender todas as suas necessidades. Afinal, ela era só um bebê, e por mais difícil que fosse, eu precisava mantê-la segura.

Como não tinha exatamente nada para fazer e aproveitando que Rose estava em um de seus sonos de beleza, aproveitei para organizar o que já estava claramente organizado, olhando cuidadosamente para cada canto do "nosso" apartamento. Confesso que no íncio foi meio estranho considerar aquele lugar que não tinha a minha cara de meu lar mas, conforme o tempo foi passando, meio que fui me acostumando com a coloração das paredes, os móveis e passei realmente a gostar de viver ali, embora vez ou outra sentia falta do meu cantinho no apartamento em que dividi com a Maite. E falando nela, à um mês atrás, propriamente em uma madrugada de Domingo em que eu estava sem sono, a morena ligou para mim contando toda eufórica que ficara noiva e que eu, Anahí Portilla, estava sendo intimada para ser a sua dama de companhia, e apesar de não ter dado uma resposta positiva, Maite sabia que eu toparia tudo com ela e por ela.

Nós tínhamos aquela coisa.

Algum tempo depois, as portas de metal se abriram e de dentro da caixa saiu um Alfonso bonito apesar da expressão cansada. Seus olhos me encararam minuciosamente enquanto se aproximava.

Tão perfumado.

_ Está indo para algum lado?.-  Sua voz rouca me atingiu antes mesmo do seu corpo chegar até mim.

_ Eu... Eu quis ficar bonita para você.- Respondi em voz baixa, sentindo seus braços rodearam meu corpo e um beijo delicado sendo depositado em meu pescoço e logo na pontinha do meu nariz.- Olá.

Buona notte, amore.- Disse soltando o meu corpo, e juntos caminhamos até ao sofá.- La mia rosa?.- Perguntou logo após correr os olhos por todo apartamento e deparar-se apenas com o vazio e um silêncio confortável.. Billie estava passando as férias no apartamento de Maite, então erámos apenas nós três.

_ Dormindo tranquilamente.- Falei olhando fixamente para ele que deixou escapar um suspiro cansado.- Tudo bem? Parece cansado.

Ele pegou em minhas mãos, levando o seu olhar para os nossos dedos entrelaçados, e eu sorri, apenas esperando ele dizer o que tanto pensava.

_ Eu fui até a biblioteca resolver um problema que felizmente ficou solucionado, mas surgiu outra coisa nesse meio tempo.- Explicou lentamente. Eu franzi o cenho confusa, sentindo algo estranho em meu peito.

_ Estou ouvindo você.

Alfonso mordeu o lábio inferior e então voltou a encarar-me fixamente.

_ Recebi uma ligação da minha editora no caminho até a biblioteca, e eu vou precisar sair por um período de tempo. O meu novo livro foi finalizado, e no contrato que eu assinei à anos atrás, sou obrigado a fazer um tour por alguns Países divulgando a nova obra, dando entrevistas e um milhão e meio de coisas.- Falou limpando a garganta antes de continuar.- Sophia vai cuidar da biblioteca até eu voltar com a ajuda de Christian.

A ArtistaOnde histórias criam vida. Descubra agora