A Viagem que Mudou a Minha Vida

- Capítulo 30 -

Leonardo Cavalcanti

Estava no estacionamento do colégio, esperando meu melhor amigo para irmos a uma festa com o pessoal do time, quando vi a cena que fez meu coração se partir em milhões de pedacinhos. 

Vi a dor que assombrou o meu passado retornar, mais intensa e mais forte do que antes. 

Parecia que meu mundo tinha desmoronado. Sentia lágrimas brotarem no meu rosto, evidenciando meu sofrimento. 

Como eu fui capaz de confiar o meu coração a alguém e ele sair quebrado depois? 

Cometi o mesmo erro de antes; quebrei uma promessa que estava recuperando os cacos que sobraram de mim... tudo por uma garota que, no final, fez a mesma coisa comigo.

Vi o tal barman da ilha – o mesmo que tentou abusar a Fernanda naquela noite – e minha namorada aos beijos, num banco perto da porta dos fundos da quadra. 

Como eu fui acreditar que ela podia ser diferente da Rebeca? Como eu me deixei levar e quebrei a minha promessa? Porque ela fez isso comigo, mesmo sabendo de todos os meus traumas?

Estava prestes a sair daquele pesadelo, porém uma voz aguda e irritantemente familiar soou: 

- Olá, Leozinho... - me virei e olhei Rebeca com aquela sua cara de cínica habitual. - Quanto tempo que não conversamos não é? - ela pergunta. 

- Eu realmente não tô com cabeça pra isso agora, Rebeca. Por favor, saia da minha frente. - cuspi as palavras, pronto para ir a minha moto e ir embora. 

- Nossa, pra que essa grosseria? - debocha, se aproximando mais de mim. - A Fernandinha não tá conseguindo te satisfazer o bastante pra você ficar com esse mau humor? - desdenha, fazendo menção de tocar meu braço. 

- Porque você não vai cuidar da porra da sua vida e me deixar em paz de vez? - eu inquiro, desviando de seu contato. 

Um choque se apossou do rosto de Rebeca. A mesma direcionou seu olhar para trás de mim e soltou um sorriso maléfico. 

- Oh, então é por isso que você tá bravinho. - apontou, direcionando seu olhar para mim. - Sua vadiazinha que você chama de "namorada" tá te traindo. Bem na sua frente. Igual eu fiz. - Rebeca falou, com avareza dominando seu olhar. 

Não aguentei mais ouvir as palavras que ela cuspia e sai em disparada para a minha moto, a fim de ir embora daquele inferno que se chamava colégio. 

Dei partida nela e voei pelas ruas e avenidas, sem nenhuma ideia de um destino. 

Não sabia o que fazer. Estava totalmente perdido. 

Como que ela foi capaz, meu Deus?

Parei num campo abandonado e tirei o capacete. Vendo o pôr-do-sol, lembrei do dia em que pedi ela em namoro; que dei aquela aliança; a lembrança de que ela me prometera não quebrar meu coração... 

Tudo isso só triplicou mais ainda minha dor. Lágrimas saíam dos meus olhos sem aviso. Sentia tudo que havia sentido há dois anos atrás.

Eu realmente pensei que a Fernanda era diferente, que o seu amor por mim era verdadeiro e sincero. 

Mas isso tudo não passou de uma cruel mentira. Tudo que vivemos foi uma mentira. 

O que mais me magoa é que eu confiei a ela todos os meus profundos problemas, os quais nunca havia contado para ninguém. 

Uma lição que eu deveria ter seguido desde o início: os seres humanos são cruéis, por isso, nunca confie totalmente em um. Você pode sair machucado. O que, de fato, aconteceu – de novo.