- Capítulo 17 -

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Leonardo Cavalcanti

Continuamos caminhando pelo bosque. Fernanda estava do meu lado, olhando cada detalhe do local, como se quisesse memoriza-los na sua cabeça. 

Já estava anoitecendo e era possível ouvir alguns ruídos de grilos e de cigarras. Encontramos um lugar mais alto e decidimos fazer uma fogueira ali. 

Carina carregava uma mochila com algumas coisas para comermos – marshmellows, chips de batata e latinhas de refrigerante. Eu e Felipe fomos buscar lenha para ascender a fogueira e, claro, não perdi a oportunidade para perguntar:

- Ei, Lipe. – chamei. – O que tá rolando entre você e a Carina? – questionei sem delongas.

- Cara... eu não sei. – ele confessou. – Eu até ia falar contigo sobre. É que... eu nunca senti algo assim sabe. Tipo, a gente ficou umas três ou quatro vezes, e eu continuo gostando dela, mano. Nunca aconteceu isso comigo. – desabafou meu amigo, pegando alguns pedaços de madeira. – Eu acho que tô gostando dela, Leo. O que eu faço? – perguntou confuso.

- Então, mano... Fala com ela. – aconselhei. – Diz tudo o que você tá sentindo. Seja sincero e vê no que dá. – eu conclui, carregando mais madeira. Caminhamos de volta.

- E se ela não sentir a mesma coisa? E se eu acabar criando muitas expectativas? E se ela entender errado? E se...

- Felipe. – o interrompi, fazendo o mesmo se virar para mim. – Você não vai saber se não falar com ela. Precisa tentar pra ver se vale a pena. – eu disse sabiamente. 

Estávamos perto do local onde as garotas estavam. Fernanda ajudava Carina a ajeitar alguns troncos caídos no chão. Felipe paralisou por um momento e observou atentamente a sua garota.

- Eu acho que ela vale a pena, Leo. – anunciou meu amigo, sem tirar os olhos da garota.

Chegamos ao local e começamos a montar a fogueira. Após muitas tentativas conseguimos ascende-la.

Agora, Felipe conversava com Carina em um tronco enquanto comiam alguns chips de batatas; eu e Fernanda estávamos sentados em outro. Ela estava comendo marshmellows e eu bebendo um refrigerante.

- Meus pais vão se divorciar. – me virei e soltei de uma vez.

- Oh, sinto muito. – Fernanda se sensibilizou. – Vai ficar tudo bem, Leo. – assegurou.

Vê-la me chamando de novo desse jeito fez meu humor melhorar sem demora.

- Eu espero que as coisas melhorem em casa. De verdade, acho que a separação já tava demorando. – eu confessei, bebendo mais um gole da lata. 

Ela ficou em silêncio, como se pedindo para eu continuar, o que não demorou muito:

- A relação dos meus pais não é aquela que vemos nos comerciais de creme dental sabe... eles discutem bastante. Meu pai em especial. O trabalho dele é bem exaustivo e causa muitos aborrecimentos. E ai, ele desconta tudo isso em cima da minha mãe. – continuei meu desabafo. 

Fernanda permanecia atenta escutando tudo. Prossegui: 

- Ai minha mãe acaba ficando bem magoada e enfim... basicamente, o casamento deles é como uma montanha-russa. Hora está no alto, super bem, e outra hora acaba descendo rapidamente, entende? – ela fez que sim com a cabeça. Eu bufei já cansado dessa situação toda.

- Se era assim o casamento deles, então a separação vai ser melhor. – depois de um tempo, Fernanda afirmou.

- Eu lembro que, uma vez, minha mãe o ameaçou, dizendo que se ele continuasse daquele jeito, ela ia me pegar e sair de casa. – confessei, me lembrando daquele dia. – Acho que essa foi a maior briga deles. Meu pai até foi dormir no seu escritório por uns três dias... – eu disse, com um tom de tristeza na voz. 

A Viagem que Mudou a Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora