A Estrela da Solidão

Um sorriso no rosto e paz no coração

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Quando acordou, as memórias dos seus sonhos nebulosos se tornaram claras e sufocantes. Ele sentou de uma vez, desejando poder gritar e liberar um pouco sua frustração, mas não o fez porque seus dedos não estavam mais sentindo a grama abaixo de si, mas sim um tecido macio. Ele não sentia mais o perfume das flores da sua mãe e nem estava mais tremendo pelo ar frio, e percebeu que estava no seu quarto.

-Você sabe que não é daquela forma que se acampa, certo, Itachi?

Seu pai apareceu em seu campo de visão, o uniforme imaculado capturando a luz natural da janela. Itachi lembrou que quando era criança e via seu pai reluzente dessa forma, pensava que ele era um super herói chegando depois de uma missão importante.

Muita coisa aconteceu, eles se perderam no caminho várias vezes, mas hoje Itachi voltou a pensar assim.

Depois que ele contou a verdade, seu pai interveio na situação e ele nunca mais precisou se preocupar com os irmãos, hoje ele sabe que seu pai cobrou alguns favores e conseguiu transferir a família para outra base e conseguiu que os jovens fossem corretamente disciplinados - era tudo o que ele sabia e estava bem com isso.

Itachi reparou que nas mãos dele havia uma bandeja e uma xícara fumegante, esta foi colocada ao lado da sua cama e ele sentiu o cheiro do seu chá preferido, além de algumas torradas.

-Na próxima vez que quiser acampar, me avise que eu te ensino como se faz.

Fugaku bagunçou seu cabelo e sentou na cama ao seu lado. Ele ainda estava um pouco tenso e desconfortável, mas estava tentando de verdade e cada pequeno esforço não passava despercebido aos olhos do filho.

-Desculpe, eu acabei dormindo e nem percebi.

-Você precisa tomar cuidado, eu te achei rolando na grama como o cachorro do vizinho.

Fugaku riu ao lembrar do estado do filho, embora soubesse que alguma coisa aconteceu, não conseguiu deixar de achar engraçado a cena. Itachi também riu quando pegou a xícara, o calor dela se espalhando confortavelmente por seus dedos.

-Desculpe, eu tive um pesadelo.

-Eu imaginei mesmo.

Enquanto tomava o chá, Fugaku tocou sua testa por alguns segundos e suspirou pesadamente - Pelo menos você não está com febre, quando eu te trouxe para cima você estava tremendo de frio.

-Me desculpe te preocupar.

-Nada - Fugaku deu de ombros - Então, você pode me explicar porque Naruto está dormindo no quarto do Sasuke com a cara toda esfolada?

Fugauku estava trabalhando a noite, por isso não tinha ideia do que aconteceu em sua casa. Itachi lhe contou o que houve com poucas palavras, e Fugaku roubou uma das torradas que tinha preparado para o filho.

-Você não precisa dormir na grama só porque Naruto está aqui - Fugaku comentou sem saber todos os detalhes - A Kushina não é tão doida assim, pelo menos eu acho.

-Não é só por ela.

Com o rosto baixo e segurando a xícara com ambas as mãos, Itachi acompanhou o desenho de flores pequenas e arabescos com os polegares. Fugaku sabia que pressionar não era a abordagem certa com Itachi, por isso pensou numa forma de o incentivar, roubando mais e mais torradas durante o processo.

-É pelo o que sua mãe me contou? - Perguntou ele ao limpar as migalhas dos seus dedos - Sobre a briga sua com seu irmão?

-Sim.

-Eu acho que você não deveria se preocupar tanto com isso. Você é jovem, é normal se apaixonar nessa idade.

-Pai!