Prólogo

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Lura

O inverno caía sobre a baixa da cidade de Maputo, meninas com corpo de mulher vestidas em mini saias e outras mais atrevidas completamente desnudas tentavam fazer o ganha pão para sustentar as suas famílias ou conquistar a liberdade. O frio em minhas pernas descobertas faziam os pêlos arrepiarem, com um vestido tubo que mal cobria as nádegas, o sutiã a vista com o decote forçado em meus seios pequenos, e os saltos dourados. Que noite! Nesta época do ano costumava ter mais clientes mas subitamente eles começavam desaparecer, se essa crise económica se instalasse não sabia mais como iríamos sobreviver. O primeiro carro preto com vidros fumados apareceu e a maior parte das meninas correram para ele se exibindo, continuei parada no meu posto, não estava pronta para briga, não naquele dia que deveria ser tão importante para mim, o meu aniversário.

Lembrei-me de casa, perguntava-me como deveriam estar as minhas irmãs, será que tiveram o mesmo destino que o meu, vendidas à famílias na capital para serem empregadas domésticas sem salário justo, ou loboladas por idosos para que o meu pai ficasse com o dote do casamento delas, respirei fundo irritada, não havia tempo para ser sentimental, eu precisava trabalhar.

O homem escolheu três meninas e saiu cantando pneus, as outras que não foram escolhidas resmungaram começando uma briga. Entediada tirei o cigarro da bolsa e coloquei-o na boca mas quando ia acendê-lo um carro parou a frente de mim, sorri entusiasmada guardando o cigarro de volta na bolsa mas quando ia aproximar-me dele as meninas que antes brigavam correram como ratazanas para o vidro fumado exibindo deliberadamente os peitos enormes. Desisti! Já ia tirar o cigarro da bolsa novamente quando o homem abriu o vidro apontando para mim enquanto falava com elas.

- Lu é para você! - disse minha amiga Sarita, enquanto sorria animada para mim, acenei para ela com a cabeça agradecendo e fui até ao carro.

- Você chamou por mim gostoso?- perguntei tentando soar sedutora, parece não ter resultado pois me olhou com desdém, estava um pouco escuro, mas a sua barba aparada e o rosto de menino me eram visíveis.

- Você já trabalhou hoje?- perguntou enojado e eu fiz que não entendendo o que ele queria dizer. Muitos clientes eram falsos moralistas, se a menina dissesse que já tinha trabalhado eles escolhiam outra, porque aquela estava "suja", pois já havia se deitado com outro homem. Eles preferiam a ilusão de serem os únicos a toca-la mesmo que fosse só naquela noite.

- Então entra no carro.- disse ríspido, conhecia bem aquele tipo de homem, ele gostava de fazer tudo a força, para se sentir no controle mas eu não deixaria, eu nunca deixava e era por isso que eles sempre voltavam.

- Não posso entrar no carro até que você diga o que vai querer e me pague adiantado.- disse séria, o homem de terno preto virou-se para mim e seus olhos castanhos claros brilharam no escuro irritados, então ele mexeu no porta luvas e retirou três maços de dinheiro que atirou para o banco onde me deveria sentar. Olhei para as notas verdes e engoli em seco, não podia perder aquele cliente,
por nada.

- Você tem duas opções, entra no carro e vamos falar num local mais privado ou então eu chamo uma das suas colegas.- seu tom firme fez as minhas pernas abanarem, se havia alguma coisa que me excitava era dinheiro, não pensei duas vezes e entrei no BMW acomodando-me melhor.

O caminho foi silencioso, eu já tinha dormido com outros homens poderosos, mas todos eles eram de meia idade, que ofereciam tako por apenas um handjob, eu sabia que dessa vez seria diferente, aquele homem era jovem e cheio de energia, ele não se iria contentar com pouco e eu não estava disposta a ser preguiçosa, eu sentia falta disso, fazia tempo que apenas a minha mão me satisfazia, comecei a ficar molhada com os meus pensamentos e sorri excitada, o carro desviou para o hotel luxuoso em frente a praia e estacionou em uma área privada.

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