Capítulo 11-Casa de praia

167 19 3
                                    

Lura

— O que se passa?— perguntou com voz de sono enquanto eu dava voltas pelo quarto catando as minhas coisas, coloquei o vestido às pressas.

— Desculpa, eu não queria acorda-lo Bruno mas estou atrasada para o trabalho.— falei virando para o espelho.— Ah não!— o vestido rasgado deixava os seios totalmente a mostra, a alça também tinha rebentado, não havia conserto, não esperava que ele fizesse aquilo, não tinha levado uma muda de roupa nem um casaco para me cobrir, eu estava lascada.

— Não sabia que...— deu uma pausa pensando se era apropriado dizê-lo.

— Que eu faço alguma coisa para além de ser uma puta?— virei-me para encara-lo, Bruno ficou pálido como algodão, os olhos azuis arregalados de surpresa, sorri com uma expressão divertida pela reação dele.— Não se preocupe, você pode dizê-lo a vontade.— sorri ainda mais o tranquilizando e voltei a olhar para o espelho, demorou algum tempo para que ele voltasse a falar:

— E você trabalha com quê?— disse querendo saciar a curiosidade.

— Sou empregada doméstica.— respondi séria, ele pareceu ainda mais curioso.— É uma longa história...— não tinha tempo para aquilo, ele pareceu concordar em silêncio.— Mas posso contar para você num próximo encontro.— aproximei-me dele para dar-lhe um beijo e Bruno selou meus lábios com vontade, precisava mantê-lo por perto para que não perdesse o interesse em mim visto que ele era o meu passe para a liberdade.

— Falando nisso, quer sair comigo no final de semana?— disse de repente me puxando para a cama e rolou comigo para ficar por cima, a língua alcançou o meu pescoço:— O que você me diz?— disse contra o meu ouvido.

— Claro. Aonde nós vamos?— perguntei entusiasmada e ele sorriu olhando para mim diretamente dessa vez.— Uhmmm, surpresa.— disse de um jeito fofo.

Ele poderia não ter alguns dotes na cama mas ninguém nasce a saber e tudo nessa vida tem conserto, com prática ele acabaria melhorando a performance, afinal de contas iríamos passar um ano juntos, isso era tempo mais que suficiente para molda-lo como eu queria. Bruno era um bom partido, ele era elegante, tinha uma fortuna, era respeitoso e carinhoso e muito bonito, era um ótimo homem para engatar e com quem ter filhos. Ri com esse pensamento, eu a pensar em filhos, que ideia! As maluquices da minha amiga Queen já começavam a tomar conta de mim.

— Já estou ansiosa.— disse dando mais um selinho em sua boca.— Agora eu tenho mesmo que ir Bruno, a minha patroa mata-me se atrasar.— disse levantando e ele concordou abrindo a carteira para tirar o dinheiro, contou-lhe e passou para mim, não reclamei que a quantia estivesse a mais, se ele queria ser generoso quem era eu para discordar, todo dinheiro era bem-vindo, principalmente depois de ter arruinado o meu querido vestido.

— Ah, Bruno! Será que poderia me emprestar um casaco? Não tenho como passar em casa primeiro para trocar de roupa.

— Escolha o que for melhor no roupeiro.— ofereceu com prontidão, agradeci e retirei um casacão preto que passava a altura do vestido.

— Obrigada.

Cheguei à casa dos Mbalate como se fosse uma fugitiva da polícia, não queria que ninguém me visse daquele jeito, entrei sorrateira até á área de serviço para vestir o meu uniforme, respirei fundo.— Ainda bem não fui encontrada.— pensei.

A casa estava silenciosa, eu tinha que chegar por volta das seis horas da manhã para preparar o pequeno-almoço, visto que o patrão saía às sete horas para o serviço. Olhei no relógio, estava atrasada trinta minutos, felizmente Antonieta ainda não tinha chegado para contar as minhas falhas, ela não poderia saber, comecei a correr em direção á cozinha, precisava organizar tudo em dez minutos.

LuraOnde histórias criam vida. Descubra agora