Capítulo 13-A personificação do pecado

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Lura

Nwando atirou-se no sofá cansado, revirei os olhos, ele ficou duas horas só a varrer o chão da sala, era mesmo péssimo ajudante nas limpezas.

— Ahhh finalmente terminamos.— falou esticando os braços com as mãos entrelaçadas no ar, dei uma olhadela final pela casa, depois de passar a manhã toda a limpar, esfregar, lavar, arrumar, o resultado realmente compensava a dor em minhas costas, a casa estava um brinco.

Olhei pela janela da sala espaçosa o mar ao longe, as ondas altas tentavam engolir a areia da costa e a maré parecia subir cada vez mais, o céu não parecia muito alegre e querendo participar daquele ataque de fúria da natureza, cubria-se de nuvens carregadas em vários tons de cinza, com certeza aquele não era um bom dia para se fazer á praia.

— Parece que vai chover.— Nwando falou ao meu lado, assustei-me com a sua presença repentina, aquela aproximação de nossos corpos não fazia bem para a minha sanidade mental.

— Pois é. Parece que previsão do tempo falhou desta vez.— respondi tentando ignorar o perfume madeirado e fresco dele.

— Nah, de certeza a minha mãe enganou-se e viu a previsão de outra província, ou quem sabe até de outro país. Ela assiste tantas notícias que não me admirava nada.— ri com o comentário e nossos olhos se cruzaram, o clima de tensão se espalhou como uma névoa escura na sala, precisava fugir dele antes que fizesse alguma borrada.

— Eu vou... Tomar banho. Antes que seus pais cheguem.— passei por ele em direção a casa de banho.— Isso me parece uma ótima ideia Lura.— ele seguiu-me e antes que eu pudesse dar por isso senti o meu corpo ser elevado bruscamente do chão, a minha cintura repousou sobre o ombro forte de Nwando, minha cabeça virada para baixo enquanto ele me segurava firme pelas coxas.

— O que estás a fazer Nwando?— comecei a debater-me em seus braços enquanto ele caminhava para o lado oposto á casa de banho.— Larga-me!— Eu berrava socando as suas costas e ele ria achando aquela brincadeira de mau gosto divertida.

Nwando abriu a porta lateral da sala com certa dificuldade, consegui levantar-me em seus braços e tentei soltar-me mas ele continuava a segurar-me firme, rápido aproximou-se da piscina e eu já imaginava o que ele queria fazer porém esperava que ele não o fizesse, pois eu iria mata-lo se ele experimentasse atirar-me:— É que nem ouses...— falei aos gritos e ele riu ainda mais.

— Eu espero que a sereia saiba nadar.— e antes que eu pudesse gritar ainda mais ele atirou-me para dentro da piscina como se de um saco de batatas se tratasse.

Senti meu corpo voar no ar, não deve ter durado nem um segundo mas a mim pareceu-me que o tempo parou naquele instante, meu corpo atingiu a água gelada e lentamente foi afundando, fechei os olhos para impedir que o cloro me cegasse, mal consegui conter a respiração e logo já precisava de oxigénio, meus pés tocaram no fundo da piscina e rápido ganhei impulso para subir, tossi algumas vezes quando cheguei à superfície, minha roupa estava completamente molhada, limpei os olhos para enxergar melhor mas uma lufada de água saltou-me para a cara enquanto ele pulava para dentro da piscina.

— A água está boa.— disse dando braçadas para trás, estava com tanta raiva que pulei para o colarinho dele, segurei a camiseta preta e sacudiu-lhe:— Porquê tu fizeste isso?

— Tu disseste que querias tomar banho...

— E se eu não soubesse nadar?— gritei irritada e ele sorriu aproximando-se mais de mim.—Bem, eu iria salvar-te.— sorriu espertinho, aquilo estava a dar-me nos nervos mas as minhas mãos em contacto com o peito musculoso dele faziam a minha garganta ficar seca.

— Nunca mais voltes a fazer isso ouviste?— queria soar firme mas a minha voz vacilou, Nwando aproveitou para se colar ainda mais a mim, desta vez não havia nem mais um milímetro de distância entre os nossos corpos, se não fosse a nossa diferença de alturas provavelmente nossas bocas já se teriam tocado.

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