Capítulo 3- O andar de cima

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Lura

— Nwando?— perguntei incrédula, meu coração começou a pular dentro do meu peito, seu rosto ficou petrificado olhando diretamente para mim e os olhos de fogo queriam cremar-me viva.

Ficamos assim por longos segundos que pareceram um século, a fúria em seus olhos fizeram com que a minha garganta ficasse seca ao passo que minha mente voou para as lembranças daquela noite: sua testa repousando na curvatura do meu pescoço, nossos corpos suados, a respiração entrecortada, seu peso sobre o meu corpo, minhas mãos em volta das suas costas.— Lura.— sua voz rouca no meu ouvido.

— Vocês se conhecem?— perguntou a Dona Sílvia retirando-me de meus devaneios, olhei para ela, seu rosto estava contraído, Nwando continuava parado olhando para mim sem piscar, seus olhos brilhavam enraivecidos, eu precisava fazer alguma coisa e rápido.

— Não, claro que não.— respondi sorrindo para ela.— É que quando a Teresa me falou que o casal tinha um filho, achei que fosse uma criança, não imaginava que tivesse um filho dessa idade, a senhora me parece tão jovem.— ela sorriu arranjando os cabelos, envergonhada pelo elogio.

— Quê isso Lura, tenho idade para ser avó já.— riu do próprio comentário e abraçou o braço de Nwando que sorriu levemente desviando pela primeira vez o seu olhar de mim.— Infelizmente meu filho nunca mais me trás uma nora para que eu possa finalmente ter um netinho.— disse o provocando e ele segurou na sua mão respondendo:— Mãe, essa conversa de novo não.— tentou fingir estar descontraído mas a verdade é que a sua mandíbula estava tensa demais, a mãe fez sinal demonstrando para mim que ela estava certa, sorri cordialmente em resposta.

— Nwando, esta é a Lura, ela será ajudante da Antonieta.— disse sorridente e eu respirei fundo.

— Prazer.— estiquei a mão para ele, meu coração estava disparado, pensei que Nwando fosse se recusar a fazer parte daquela farsa mas por incrível que pareça eu estava errada.

— Prazer.— segurou a minha mão, eu já deveria imaginar, Nwando não iria querer que a sua mamã soubesse que o filhinho dela querido andava a frequentar as putas, isso seria inaceitável! Sorri ainda mais com esse pensamento.

— Oh, o meu programa já vai começar.— disse a mãe olhando para a TV.— Porquê você não leva a Lura para conhecer a residência filho?— sorriu largando o seu braço e sentando-se no sofá.

— Claro.— sorriu dando sinal para que o acompanhasse, pedi licença para a Dona Sílvia que já estava concentrada em seu programa de celebridades, pelo pouco que vi.

Nwando andava em frente de mim, a postura implacável me derrubava mil vezes, subimos as escadas em silêncio. O andar de cima tinha um corredor longo com alguns abajures e cómodas no caminho, haviam objetivos de decoração e alguns quadros, eram pelo menos quatro quartos, contei pelo número de portas antes de ser puxada bruscamente para dentro dum deles.

Ele encostou a porta com cuidado e virou-se para mim irritado: — O que você está fazendo aqui?— berrou baixinho, não respondi, estar trancada com ele entre quatro paredes trazia ideias pecaminosas para a minha cabeça.— Você quer dinheiro? Como soube onde eu moro?—  não poderia acreditar no que ouvia, ele achava que eu queria chantagea-lo, ouvir aquilo fez o meu coração afundar, na verdade eu sabia que ele tinha mil razões para pensar assim, afinal de contas eu era apenas uma prostituta da outra noite, mas porquê aquilo doía tanto em mim? Porquê me importava com o que ele pensava de mim?

— Como eu descobri pouco importa.— sorri vitoriosa cruzando os braços.— A real questão é quanto você está disposto a pagar para que a sua querida mamã não saiba do nosso pequeno segredo?— queria castiga-lo por ter me julgado tão mal por isso me mantive firme naquela brincadeira.

LuraOnde histórias criam vida. Descubra agora