Capítulo 18 - A nora perfeita

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Lura

Fiquei parada em frente á casa dos Mbalate por quase meia hora, sem coragem de entrar depois do que havia feito na noite anterior não tinha coragem de o enfrentar. Esperava que o carro de Nwando saísse pelo portão a qualquer momento, escondida atrás de uma árvore do outro lado da estrada, mil vezes chegar atrasada no serviço, do que ter que olhar na cara dele, mas isso nunca mais acontecia, talvez ele não tivesse passado a noite em casa, nunca fui religiosa, mas roguei aos céus para que não me cruzasse com ele.

Respirei fundo olhando no relógio e finalmente desisti daquela espera infinita, atravessei a rua chegando ao portão, entrei esperançosa mas minhas preces foram destruídas assim que vi o seu jeep em frente à garagem.

— Ok Lura, tu consegues.— repetia o discurso mentalmente.

— Sabia que atraso dá desconto no salário?— disse Antonieta da varanda ao me ver entrar, com a vassoura e a expressão cansada como sempre, a bruxa estava de volta.

— Bom dia para você também  Antonieta, vejo que está melhor.— disse sarcástica com um sorriso amarelo e ela me encarou de cima para baixo.

— Pois é, não é desta que ficas com o meu emprego.— disse a velha descarada.

— Olha, eu se fosse a senhora não teria tanta certeza.— disse com escárnio e dei-lhe as costas enquanto ela praguejava, e fui em direção à area de serviço nos fundos da residência majestosa.

Estava a trocar de roupa quando ouvi a porta fechar atrás de mim, engoli em seco ao sentir o cheiro amadeirado dele, meu coração começou a bater forte e a respiração se tornou superficial, mas não me virei, eu não conseguiria olhar nos seus olhos.

— Não via a hora de você chegar, por quê se atrasou?— perguntou se encostando á banca do meu lado, conseguia sentir seu olhar na minha cara tentando me examinar.

— Problemas com o transporte.— disse tentando soar indiferente.

— Percebo, sendo assim vou mandar  um taxista te buscar todas as manhãs só para eu ver sua cara linda pela manhã.— Nwando tentou tocar no meu rosto mas eu me afastei, do canto do olho consegui ver sua testa franzida.

— Não é preciso Nwando.— disse terminando de calçar as sapatilhas.

— Você não respondeu às minhas mensagens nem atendeu às minhas chamadas ontem à noite.— disse Nwando cruzando os braços.

— Eu estava... com as minhas amigas.— disse séria tentando não transparecer o nervosismo.

Nwando sorriu de escárnio e eu já imaginava o que ele iria dizer a seguir:— Então você foi trabalhar de puta ontem?— mesmo sabendo o que ele iria dizer, ainda doeu da mesma forma.

Virei-me para ele com raiva e pude ver o repúdio em seus olhos: — E se for? O quê você tem haver com isso?

— Lura eu pensei que...

— Que o quê Nwando? — dei um passo para frente com a cabeça erguida.— Que eu fosse sua putinha privada?— achei que ele fosse ficar ainda mais irritado e me dar às costas mas ele também deu um passo para frente limitando o espaço entre nós a míseros milímetros, estremeci, seus olhos ardiam de desejo e os meus enchiam-se de lágrimas, como seria difícil ficar longe daquele homem.

Nwando passou o polegar pelo meu lábio inferior e a minha boca se entreabiu ávida por um beijo, Nwando então segurou no meu queixo e aproximou a sua boca da minha, fechei os olhos sentindo o hálito fresco e quente, mas ao invés de me beijar ele sussurou:— Tu és a minha putinha privada Lura e ninguém mais pode te ter para além de mim.— abri os olhos incrédula e ele voltou a se afastar, um enorme vazio ocupou o meu peito com aquele afastamento.

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