22: Planos

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MALLORY CIRCE

Não sei para onde estamos indo. Pensei que Chasina me levaria para casa, nossa casa, mas ela tomou o caminho contrário. Foi para a rodovia à direita onde fica realmente a cidade.

Aperto o seu torso em advertência e questionamento, mas ela não faz nada além de acelerar a moto pela as ruas escuras de Wilmington, o ar frio bate contra o meu corpo fazendo com que eu estremeça e me amaldiçoei mentalmente por não ter fechado o casaco. Entramos em uma rua movimentada, somente com prédios e eu não fico nem um pouco surpresa quando ela entra na garagem de um dos maiores prédios. Ela comprou um apartamento, provavelmente. Salto da moto assim que ela parou, e, quando minha irmã tira o capacete eu fico em sua frente.

— Você poderia ter machucado alguém — rosno furiosa. — Eles são meus amigos, Chasina!

— São é? — me respondeu em desdém. — Alex é seu amigo depois de tudo que ele fez? Depois que ele te abandonou?

— Sei que está magoada — cerro os punhos olhando em seus olhos. — Mas Alex teve seus motivos, e pode acreditar quando eu digo que eles foram bons.

— É claro que ele teve — ela jogou os cabelos para trás, respirando fundo, os olhos cinzas me encaram calmamente. — Me diga um bom motivo para ele não ter nos ligado? Mandado uma mensagem? Deixado uma carta? Ou foram desculpas esfarrapadas que ele te deu porque não queria enfrentar a verdade? Ele nos deixou! Ele nos traiu! Ele nunca olhou para trás! Alex não ligava para nós nesses últimos anos! Ele seguiu o seu próprio caminho sem ao menos olhar para trás. Um amigo faria isso, irmã?

Meu rosto fica vermelho de raiva, e uma parte de mim sabe que ela está certa. Alex poderia ter nos ligado ou mandado mensagem, mas mesmo assim... eu não estava pronta para isso, talvez no início de tudo eu soubesse, talvez eu estivesse certa no início de ter sentido raiva, mas a vida era curta demais para odiar quem amamos. Para perdoar quem deve ser perdoado. Eu só queria seguir em frente de uma vez por todas.

Engulo em seco, desviando do seu olhar fiito minhas botas e sussurro:

— Ele fez isso tudo, Chasina. Mas ele é nossa família, ele esteve lá por nós. Ele criou isso conosco — aponto para a tatuagem de dragão na minha coxa. — Ele é nossa família.

Minha irmã deu passos rápidos, seu nariz roçando meu e suas íris ficaram escuras como se eu tivesse dito algo proibido. Não desviei o olhar, no entanto, deixei que aquela visse em meu olhar a raiva que eu sentia. Deixei que ele visse o quão desapontada eu estava por ela ter feito aquilo.

— Sua família — ela cuspiu as palavras. — Não pensou duas vezes antes de virar as costas. A porra da sua "familia" encontrou outra agora e não dá a minima para você! Sua família sou eu! Sou eu que cuido de você! Sou eu que a amo! Sou eu que não vira as costas para você! Sou eu que daria minha vida por você! Sou eu que dou a vida por você! Fui eu que me joguei na frente de um homem armado porque não aguentaria ver você machucada! — olho para a cicatriz, as lágrimas embaçando minha visão, um soluço escapou dos meus lábios trêmulos. Chasina não grita, não fala alto, somente sussurra as palavras furiosamente. — Sou eu — ela encosta a testa na minha, segurando meu rosto, ela sussurra: — Eu te amo, Lily. Eu te amo mais que tudo nesse mundo, então não me venha falar que aquele homem faz parte da nossa família. Ele não faz. Não mais. Alex nos deixou, Alex nos traiu. Quem sabe se ele contou para eles a verdade? Ele é o único que sabe.

Nathaniel sabia — ela levanta a cabeça, me olhando estranhamente. Não sei porque disse isso, simplesmente escapou de minha boca, é um assunto delicado, e nós não falamos disso há anos.

MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora