MALLORY CIRCE
Um dilúvio caia pela cidade inteira, e parecia que o universo estava com as mesmas emoções que eu. De alguma maneira aquele parecia o dia que tudo estava dando errado, e a cidade estava sofrendo as consequências junto. Lágrimas borbulhavam por todo o meu rosto e soluços escapavam por minha boca, eu paro no acostamento e soco o volante do carro repetidas vezes. Então eu grito. Grito alto e em bom som e choro. Por que as pessoas não me contavam as coisas? Por que sou sempre eu que fico de fora? Meu Deus eu não tinha mais forças para nada, meus pensamentos sempre voltavam para as mesmas pessoas. Para o meu amor que eu sentia falta, para a minha irmã que eu tanto amo, para os meus pais. Eu estava cansada, encostei a cabeça no banco e suspirei. Não era justo. Não era malditamente justo tudo isso.
Meus pensamentos são cortados assim que meu celular toca, uma chamada de um desconhecido. Eu penso de primeira em desligar, mas por alguma razão um sentimento ruim se apossa em meu coração, minha respiração fica escassa enquanto sinto este aperto no peito, mais lágrimas brotam em meu rosto.
— A-alô? — Minha voz rouca soou pelo carro.
— Mallory! — a voz de Ester está trêmula e minha respiração prende. — A Chasina, porra. A Chasina! Ela está com você? Por favor Mallory....
— O que tem minha irmã? Ela não está comigo — grito histericamente. — O que tem ela?! ESTER!
— E-e-eu cheguei no apartamento e está tudo destruído, mas tem uma coisa no escritório dela — ela chora baixinho. — Ela nunca deixava a gente entrar, eu acho... eu acho que ela descobriu quem foi, eu acho... acho que ela foi atrás sozinha. Mallory tem sangue por todo o lado — mordo a minha mão segurando o grito. — É muito sangue.
— Não — sussurro. — Não...
— Tem sangue por todo o apartamento — Ester grita algo para alguém. — A pegaram? Eu não sei... eu não sei o que eu faço. Não sei aonde mais procurar... por favor Mallory... eu não posso perder ela...
Meu mundo desaba de uma hora para outra.
— Estou indo para ir —- ligo o carro com as mãos trêmulas. — Não toque em nada. Vou chamar Reed, mantenha tudo no lugar e tenta... tenta descobrir algo. Ligue para ela. Ligue para Dora.
— Ok — ela sussurrou.
O meu carro dispara pelas ruas frias de Wilmington e parece um deja vu. Eu pego o meu celular e, depois de quase três semanas sem falar com ele, eu disco o seu número. Consigo ouvir meus batimentos cardíacos de tão alto que eles estão o carro voa pelas ruas enquanto eu ouço o telefone chamar.
— Mallory? — ouvir sua voz faz com que alguma coisa se acalme dentro de mim, mas isso somente me faz chorar mais. Meu Deus, eu não consigo aguentar mais. Não mais. — Mallory? — seu tom muda para preocupada apenas pelo silêncio no telefonema.
— Andrew... — gemo entre soluços. — Aconteceu algo ruim... algo ruim vai acontecer eu...
— Mallory? O que aconteceu? — sua voz se desespera e eu o ouço falar com alguém da outra linha. — Onde você está?
— Chasina... pegaram minha irmã — sussurro. — Pegaram ela, Andrew. E-eu não sei, mas ela descobriu algo. Preciso da sua ajuda, preciso de você. Eu não sei o que fazer, eu não... eu não posso perder ela. Não vou aguentar — fazer essa confissão é como encarar a verdade.
— Onde está, Mallory? Por favor... — ele suspira. — Porra, por favor, não faz nada.
— Indo para o apartamento dela — sussurro engolindo em seco.
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MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)
RomanceUma vez há sete anos atrás uma garotinha corria por sua vida. Aquela era a noite onde mil e um sonhos seriam destruídos. Onde a esperança seria extinta. E o medo se tornaria uma sombra constante. Sete anos depois de volta a Wilmington onde tudo com...