MALLORY CIRCE
Sinto seis pares de olhos sobre mim. Ignoro todos eles.
Sei exatamente o que eles estão olhando, e a única coisa que eu faço é engolir em seco e segurar firmemente o rosto de Alex em minhas mãos tentando desesperadamente controlar o tremor em meus dedos. Seus olhos verdes estão arregalados, e sua respiração superficial bate em minha bochecha. Sussurro baixo, em italiano para nenhum deles entenderem:
— Nathaniel não foi igual a você. Sabe muito bem disso, não vou deixar Sina encostar em você — engulo em seco. — Eu prometo — ele assente sinalizando que entendeu o que eu falei.
De canto de olho vejo a boca de Morgan se erguer em um sorriso nada satisfeito por não ter entendido o que eu falei. Hayden desvia o olhar descontente da minha coxa e Andrew suspira baixinho me puxando para sentar na cama.
— Em que confusão nos metemos — é Denner que resmunga saindo do quarto.
Logo atrás dele vai Hayden e Morgan, Cathy, Alex, abalado, também sai do quarto depois de me dar um beijo em minha testa. Ignoro totalmente Reed e fito Andrew.
— Quero ir para casa. — Murmuro baixo, e cansada. Andrew abre a boca para responder, mas Reed o corta:
— Não vai para o seu apartamento tão cedo, boneca. — Franzo o cenho confusa, e o meu erro é olhar fundo nas suas íris igual a carvão que me analisa friamente.
Eu posso sentir sua raiva fluindo, mesmo ele não deixando transparecer.
— Sabiam que você estaria naquele bar, te seguiram no momento que ligou a chave do carro. Não podemos arriscar que você volte para casa e eles terminem de vez o que tanto querem — Andrew me explica calmamente. Suas mãos passeiam por meus fios molhados. Eu tomo uma breve respiração, contando mentalmente. Meu coração está disparado.
— Kitty? — pergunto preocupada, olhando para as minhas mãos que estão com os nós dos dedos machucados.
— Na casa de Denner — maneio a cabeça em direção a Andrew. Memórias da noite passada me consomem, sangue. Um tiro. Corpos. Estremeço. — Você matou duas pessoas, Mallory — Andrew diz roucamente. Eu nem reajo. Nem me surpreendo.
— Tentaram me machucar — levanto o meu olhar para Andrew que fica em silêncio. — Eu não deixo ninguém me machucar.
— Eu entendo, princesa. Realmente entendo mas como... como? Como sabia as partes que teria que atingir para provocar... provocar a morte de uma pessoa em poucos segundos?
O meu silêncio é sua resposta. Eu não queria que Andrew soubesse como, e nem quantas pessoas eu já atingi para alcançar a perfeição de matar uma pessoa em poucos segundos. Meus olhos ficam vazios.
Um silêncio recai sobre o quarto. Seus olhos cor de whisky refletem tanta culpa e questionamentos que me sinto obrigada a desviar o olhar. Andrew se culpa. Se culpa pelo que aconteceu comigo, os lábios avermelhados estão franzidos em uma careta pensativa.
— Não tem culpa de nada, Ken — sussurro.
Vejo-o engolir em seco, sua boca se entreabre mas nada sai. Nada.
Não faça isso, não me deixa no silêncio. Eu não suporto o silêncio. As palavras quase saem de minha boca, até Reed dizer:
— Quero falar com Mallory — indaga, arregalo os olhos. Andrew abre a boca provavelmente para refutar, quando o seu amigo frisa: — A sós, por favor.
Relutantemente Andrew sai sem antes murmurar "estarei na cozinha". E duas coisas passam pela minha cabeça: ou Andrew não liga para o que Reed fazer, ou confia em seu amigo para me deixar com Reed. Não é possível que ele não veja o quanto Reed me deixa desconfortável e o quão intimidante ele é.
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MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)
RomanceUma vez há sete anos atrás uma garotinha corria por sua vida. Aquela era a noite onde mil e um sonhos seriam destruídos. Onde a esperança seria extinta. E o medo se tornaria uma sombra constante. Sete anos depois de volta a Wilmington onde tudo com...