MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)

7: O começo

MALLORY CIRCE

— Festa! — Eu salto da mesa deixando minha caneta que estava em minha boca cair quando Alex se senta ao meu lado na mesa do refeitório. Resmungo um palavrão e pego a caneta que tinha caído.

— Não — respondo de imediato. Alex sorri, passando a mão em seus cabelos castanhos claros.

— Ah, vamos lá — ele cruza as longas pernas e coloca as mãos atrás da cabeça, lanço uma careta irritada em sua direção.

Geralmente, eu não ficava tão cansada assim, ainda mais a tarde, a culpa é minha na verdade. Aonde eu estava com a cabeça quando saí às quatro da manhã e, ainda por cima, me esbarrar com Andrew. Não, pior ainda: ficar me revirando na cama pensando naqueles olhos coléricos.

Então, não é de se surpreender que eu estou bocejando a cada cinco minutos e estou exausta. Ainda não são nem três da tarde. Decidi que precisava de um lugar calmo para pelo menos conseguir formar alguma coisa na minha cabeça, por isso, nesse dia ensolarado que está onde todos estão sentados embaixo das árvores e esparramados pelo gramado do campus, eu estou no refeitório que se encontra vazio. Eu achei que ninguém iria me achar aqui.

Achei errado pelo visto.

— Não sei se você notou — eu solto um muxoxo em sua direção quando ele pega uma das minhas fotos — Mas eu estou exausta. Não estou afim de festa, aliás, que diabos? Eu não te perdoei completamente.

— Não fode, Lily — ele diz risonho e eu semicerrei o meu olhar em sua direção pegando a foto em sua mão com certa brutalidade. — Vamos! Vai ser legal. Você poderá conhecer gente nova e eu quero te apresentar aos meus amigos.

— O Círculo você quer dizer — eu resmungo, recolhendo meu material.

— Você é rápida — ele lança uma piscadela em minha direção — De qualquer forma, isso é ridículo, não repita. — Um sorriso repuxa meus lábios — Por favor? Venha.

Solto um longo e dramático suspiro encarando a sua corrente de prata que pende em seu peito.

— Vou pensar, ok? — Me levanto, abraçando os livros como se fossem algum tipo de escudo. — Por via das dúvidas, onde vai ser?

Alex sorri largo.

— Eu te mando o endereço — ele se levanta olhando para o material — Aliás, o que é isso tudo?

Eu resumo o que minha professora falou: um trabalho grande que vai conter a maior parte da minha nota em sua matéria. Vou ter que tirar uma foto simbólica para mim, ou uma que marque muito a minha vida. Alex faz uma careta de espanto quando eu falo os detalhes que deve ter e quando o sinal ecoa, ele se despede rapidamente correndo para fora do refeitório.

Eu vou para o meu apartamento depois daquela conversa, e a primeira coisa que faço é tirar o meu vestido, ficando somente de calcinha e sutiã. Me jogo na cama me enrolando nas cobertas, não demorou muito para entrar em um sono profundo.

E eu me lembro de Chasina e suas insónias, era estranho e neste exato momento eu estava parecendo ela. Muitas vezes ela já ficou mais de 24h sem dormir, e, quando o seu sono finalmente chegava, Chasina caía em sua cama e adormecia por horas. Um dia ela chegou a dormir quase dois dias, era um círculo vicioso, e apesar dela negar, eu sabia que isso incomodava ela. Meus pensamentos evaporam. Fazia quase uma semana que ela não me ligava.

Uma tela em preto, desta vez, é projetada. E eu agradeço por não ser os olhos âmbares desafiadores ou pesadelos de dois corpos caindo no chão ou a imagem da minha irmã morta em um beco escuro.