MALLORY CIRCE
Uma chama acendeu dentro de mim, mas era como se fosse esperança ou como se um peso tivesse saído das minhas costas... não. Por toda a minha vida acreditei que meu pais eram honestos, que eles não iriam querer ver suas filhas virarem praticamente assassinas, mas pelo que tudo indica eu estava errada. Uma de nós sempre esteve fadada a esse meio corrupto do submundo.
— Naquela noite em que você saiu do quarto — Chasina começou no momento em que parou em frente a nossa casa. Meu olhar se atrai imediatamente para a janela do meu quarto, flash vindo à tona. — Eu ouvi a porta rangendo, e os pneus do carro cantarem. Fui atrás de você e quando fui espiar pela janela, você já estava correndo — ela murmurou, olhando para a pista como se estivesse revivendo o momento. — Eu fui atrás de você — meus olhos se encheram de lágrimas, e eu abaixei a cabeça olhando para as minhas mãos. — Naquela época eu sabia com o que nossos pais lidavam, e eu sabia que naquela noite eles estavam em uma reunião importante. Então, quando a vi correndo pela rua, eu não pensei duas vezes antes de segui-la até aquele galpão. Eu senti que algo estava errado...
"No momento em que eu entrei, eu vi você se levantando para ir até o papai e eu não podia deixar você ir por conta do capanga que olhava tudo atentamente, puxei-a para trás, mas foi tarde demais e quando olhei eles já estavam no chão e os caras correndo para fora. Perdi o controle, Lily, deixei- a escapar e não percebi que ainda tinha um homem lá dentro disposta a machucá-la. Saiba que eu sei que você se culpa pela minha cicatriz, você sempre desvia o olhar, mas nunca me arrependi. Nunca lamentei por me jogar na sua frente, e no momento em que a faca fincou o peito daquele homem não senti nenhum remorso. Antes ele do que você."
— Eu não deveria ter saído de casa — sussurrei entre lágrimas.
— Não — ela concordou solenemente. — Mas a gente não pode mudar o passado, mas eu faria tudo de novo se fosse para tê-la aqui sem nenhum machucado.
— Por que aqueles homens estavam lá?
— Pelo que eu sei, papai praticamente tomou o território deles — Chasina suspirou, cansada. — Entenda que aqui tem territórios que são comandados por grandes homens, e, se você toma algo que não é seu, você paga as consequências.
— Então, nossos pais pagaram? Eles mereceram?
— Não foram somente eles que tomaram — ela disse friamente. — Haviam outros, Mallory. E nossos pais não tiveram a ideia, eles não concordaram, mas o nome deles estava envolvido. Foi ação e reação, aproveitaram que eles tinham acabado de sair de um lugar e mataram eles para dar um recado.
Um soluço escapou dos meus lábios.
— Pegaram a família errada — constatei.
— Sim — ela sussurrou.
— Mas eles sabiam?
— Sabiam — ela engoliu o seco. — Com dezessete anos, procurei a ajuda de Alex. Seu pai era prefeito e ele tinha contatos, conseguimos entrar em seu computador. Você sabe que o pai de Alex é envolvido nessas coisas, então não foi difícil achar o documento que mostrava a ordem de matá-los. O pai de Alex faz parte disso tudo.
— Você sabe quem mandou?
— Não — seu tom saiu seco. — Mas ao longo dos anos fui descobrindo pistas.
— O que você sabe? — ela hesitou.
— Eu sei que o homem que mandou matá-los conhece a gente. Eu sei que ele desviava dinheiro, e sei que ele tem um grupo. Sei que ele mora aqui em Wilmington e que uma vez no mês vai em um clube.
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MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)
RomantizmUma vez há sete anos atrás uma garotinha corria por sua vida. Aquela era a noite onde mil e um sonhos seriam destruídos. Onde a esperança seria extinta. E o medo se tornaria uma sombra constante. Sete anos depois de volta a Wilmington onde tudo com...