21: Vertigem

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MALLORY CIRCE

Era estranho pensar em como duas pessoas poderiam se parecer tanto, mas ao mesmo tempo serem tão diferentes. Um paradoxo sem fim.

Eu queria Chasina em casa mas ao mesmo tempo não queria. Antes de voltar para a minha cidade natal eu tinha princípios e até mesmo um objetivo, esperei sete anos por isso e agora quando finalmente iria acontecer... bom, era o que achava. A pergunta era se eu realmente queria.

— Precisamos conversar — minha irmã diz em uma calma agonizante.

— Eu sei — sibilei desviando do seu olhar. Não conseguia olhar em seus olhos sabendo que menti. — Nós vamos — corrigi.

— Tsc, tsc — ela estalou a língua. — Você levou uma surra — disse, me rondando. — Se meteu com a porra de um traficante — parou-se em minha frente. — Mentiu sobre seu paradeiro — soltei o ar, arregalando os olhos. — E mentiu sobre Alex — cambaleei para trás com sua voz amargurada.

— Eu fiz isso tudo para não te preocupar.

— Mas preocupou — disse por fim. — Você é minha irmã, como acha que eu fiquei quando eu soube? Porra, Mallory. Eu deixei você voltar sem eu, deixei fazer o que quisesse. Eu não te proibi, você até correu hoje. Eu sempre te dou tudo o que você me pede — engulo em seco. — Só pedi para não se meter em confusão.

— Afinal, como você sabe disso tudo? — sussurrei. — Como soube onde eu estava? Quem tirou aquela foto? Quem te contou sobre Alex?

— Você se esquece, irmã, que juramos proteger uma à outra. Eu cumpri com meu dever, nossos pais foram assassinados, Mallory, na nossa frente! — seus olhos se escurecem como se tivessem voltado para outro lugar. — Nós fugimos para nos proteger, achou que eu não iria tomar providências com sua volta? — Sim, eu achei. Uma parte de mim no fundo sabia.

— Eu... — suspiro. — Me desculpe, ok? Eu vou te explicar tudo.

— Sim — sua mão se entrelaça com a minha. — Vamos embora.

Meu corpo se retesa completamente quando eu finalmente percebo que temos que descer pelas escadas. As consequências disso não seriam boas, ainda mais sabendo que Alex estava lá embaixo. Chasina é como uma bomba relógio, eu não saberia — na verdade nunca soube — quais seriam seus próximos passos. Seus olhos já estavam frios, secos e sérios e sua mandíbula cerrada, mas aquilo era a única demonstração de que ela não estava contente. O resto, sua postura, suas feições, indescritíveis como sempre.

Ela é minha família e eu morreria antes de deixar alguém machucá-la, mas assim como eu, Andrew e todos lá embaixo tinham um vínculo que eu nunca poderia entender. Eu estava prestes a juntar fogo com pólvora em um barril e, em qualquer momento, tudo iria explodir.

Impaciente, minha irmã tirou seu casaco como se a nossa conversa tivesse irritado-a a ponto de seu corpo borbulhar.

A regata preta deixava à mostra os braços tatuados, o colar, a pedra rubi pequena — que ela ganhou no seu aniversário de quinze anos, uma semana antes de tudo acontecer — brilhava sobre a luz da lua.

— Não podemos descer... n-não agora — gaguejei. As íris cinzas subiram me fitando, confusas. Mas minha irmã não era passada para trás facilmente, quando eu vi ela já tinha passado pela porta com um sorriso no rosto. Uma vertigem de medo serpenteou por minha coluna, corri atrás dela tentando impedir aquela catástrofe.

ANDREW LAWRENCE

Eu estava prestes a subir a escada quando Reed e Hayden interceptam dizendo que precisávamos conversar, Hayden fecha a porta da cozinha que fica ao lado da sala, os murmúrios dos outros fica abafada, me virando digo entredentes:

MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora