40: Epílogo

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MALLORY CIRCE

— Oh! Merda! Merda! Merda! — xinguei enquanto corria de saltos pela galeria, as pessoas me encaravam de maneira feia. Mordi o lábio e eu diminuí o passo parando ao lado da minha professora. — Tem certeza que quer colocar a minha... hm... no centro? — a professora me olhou horrorizada.

— E por que não estaria? — retrucou calmamente, eu abri a boca para responder, mas a mulher se apressou em dizer: — Mallory essa foi uma das obras mais bonita que eu já vi em anos que meus alunos me apresentaram — o sangue ferveu pela minha cabeça. — Deixa de ficar agoniada e vá aproveitar a noite — ela sorriu gentilmente.

Eu rodei ao meu redor e suspirei. Hoje era finalmente a exposição do departamento de artes, quem vencesse ganharia um estágio em uma das galerias mais renovadas da cidade. Parecia que a cidade inteira estava aqui, as pessoas ficavam ao redor das exposições com uma taça na mão enquanto debatiam, a maioria do grupo estava focado na minha. Meeeeeerda.

A ideia da minha exposição veio quando anunciaram o projeto da nossa sala: uma montagem de fotos. Depois de vários rascunhos, gritos e choros eu decidi como faria a minha. Peguei um painel preto que vai do chão ao teto, imprimi as minhas melhores fotos desde que eu era uma criança em tamanhos diversos, coloquei tudo em preto e branco e simplesmente... criei. Ao desenrolar das semanas a minha arte foi tomando vida, e a silhueta de quem eu tanto queria começou a tomar forma. As fotos pequenas, com os realces certo e as sombras, deram profundidade e certa dinâmica.

Formava uma mulher, com os lábios carnudos e olhar sombrio. Seus olhos transbordavam sentimentos de desespero, tristeza, raiva e melancolia. Pegava somente a parte do seu maxilar para cima e com todo o cuidado eu fiz detalhes em um vermelho e dourado. No fundo se você olhasse bem havia várias fotos de diversas coisas, mas a que se repetiam era de uma caveira dourada, eu editei e coloquei rosas dourada ao redor da imagem. Isso demorou para caramba.

— Bom ver que as noites mal dormidas tiveram um resultado um tanto quanto esplêndido — eu pulei com a voz de Andrew atrás de mim. Me virei em sua direção e minha boca ficou... seca.

Ele usava um terno preto com camisa social branca, e como sempre, sem gravata. Seus cabelos loiros estavam presos para trás, mas mesmo assim alguns fios caiam em sua testa de maneira despojada, seus lábios avermelhados estavam esticados em sorriso orgulhoso e seus olhos âmbares fitavam meu projeto com admiração. Por conta do local escuro, com muita pouca luz, parecia que havia brasa em suas íris. Quando finalmente seu olhar deslizou para mim ele tombou a cabeça.

— Você está linda — eu olhei para o meu vestido longo rosa escuro. Era de um tecido fino que marca todo o meu corpo, leve, porém elegante. Meus cabelos estavam soltos, tirando duas mechas que eu prendi para trás e minha maquiagem era pesada com os olhos marcados de preto e lábios vermelhos. — Como sempre — concluiu e eu sorri parando ao seu lado.

— Gostou? — apontei para o painel, Andrew beijou minha bochecha e encarou as fotografias. Tinha algumas apenas dele, algumas de nós dois, outras com o resto dos nossos amigos, outras de paisagens e coisas aleatórias que remetia tudo o que eu gostava. Sua mão parou na base da minha coluna.

— Ficou sensacional, princesa — não consegui segurar o meu sorriso largo.

— Sim, ficou bom, mas sabe o que faria ficar melhor? — Denner se intrometeu parando ao meu lado. — Só foto minha. Pode ter certeza que todo mundo iria desmaiar — uma risada escapou de mim vendo a carranca de Andrew para o amigo. Kitty revirou os olhos colocando uma mecha rosa do cabelo para trás.

— Ficou muito legal, Lily — ela levantou a mão e eu dei um high five.

— Demorou muito para fazer? — Cathy questionou bebericando a taça de champanhe enquanto olhava fascinada.

MADE IN HEAVEN (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora