E se Reiner Braun tivesse descoberto a tempo que o certo era se render? E se o Titã Blindado entregasse seu coração para a humanidade e lutasse ao lado de Paradis?
Emily é a irmã de Bertholdt Hoover, enviado com seus companheiros para a "Ilha dos...
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Distrito de Trost, ano 850
O som alto das conversas dos cadetes alegres com a chegada da formatura ecoa pelo salão e reverbera pelo meu corpo enquanto subo a escadas ao lado de Marco em direção à porta, segurando a barra da saia comprida do vestido claro para cima, tendo consciência do meu estado à beira da embriaguez, a cerveja que refrescou meu corpo antes agora subindo para a minha cabeça a fazendo girar às vezes.
Saímos para a noite fresca de Trost, para a rua vazia onde eu e Marco buscamos Jean, tão bêbado quanto poderia estar. Havia sumido enquanto estávamos distraídos assistindo Connie e Sasha apostarem quem conseguia tomar uma caneca mais rápido. Meu cabelo começa a se desfazer do penteado bonito que foi em algum momento, quando Krysta o fez de forma cuidadosa. Passeio com os olhos pelo entorno, a rua desce em uma ladeira pouco íngreme e mais adiante posso ver a silhueta esguia de Jean, caminhando sozinho.
— Ali, Marco! — Aponto e o garoto segue meu dedo com um olhar brevemente preocupado pairando em seus olhos. Ergo novamente a saia do vestido e caminho na direção dele o mais rápido que posso sobre as botas de salto. — Vem, vamos.
— Ei, Jean! — Escuto o garoto ao meu lado e mais à frente, o outro para e se vira para trás.
Corremos até ele para encontrar um Jean parecendo abatido. Eu poderia dizer que o garoto foi atropelado a julgar pelo seu estado. Está pálido e com os olhos oscilando nas órbitas, parecendo ter dificuldade para se focarem em um único lugar. Tento conter um riso na garganta quando me lembro de um Jean sério nos avisando para não beber demais porque ele não cuidaria de nenhum de nós. Ele percebe e ergue o dedo indicador para mim.
— Não diga nada, eu sei o que está pensando.
— Eu não ia dizer. — Minto, estaria o provocando agora se estivesse em um estado melhor. — Ficamos preocupados com você.
Jean desvia os olhos de mim e os abaixa até os pés, perdendo o equilíbrio e sendo amparado por Marco, que o ajuda a se sentar sobre o primeiro dos degraus de uma escadaria próxima. As luzes externas das casas nos iluminam com o brilho amarelado e me sento do outro lado de Jean, afastando os fios castanhos grudados em sua testa devido ao suor que começa a se acumular ali. Sinto alguma coisa me incomodar ao perceber que Jean não está realmente bem. Parece incomodado, atordoado com alguma coisa.
Marco tenta algumas vezes, perguntando a ele o que está sentindo e se quer que chamemos alguém. Entretanto o maior apenas insiste que não é nada demais, ao menos nada com que nós dois devêssemos nos preocupar.
— Escute, Marco. — Chamo o garoto de cabelos negros, que se inclina brevemente para olhar para mim. — Melhor buscar um pouco de água para ele, talvez molhar a garganta ajude um pouco.
— Está certo, fiquem aqui. — Marco assente e se levanta, deixado um afago breve sobre o ombro de Jean. — Eu já volto.
O garoto mais alto se vira para mim após observar o amigo desaparecer na rua escura em busca de sua água, que não foi nada além de um pretexto para que eu falasse com ele a sós por um instante. Os últimos anos de convivência fizeram surgir entre nós algum tipo de ligação quase que inexplicável. Jean sempre sabia quando eu não estava bem assim como sabe quando estou alegre ou empolgada apenas ao olhar para mim. E eu também o conheço bem o suficiente para saber que não está em seus melhores dias. Me mata por dentro aos poucos o fato de que estou mentindo para ele sobre muitos aspectos da minha vida, entretanto, o melhor que posso fazer agora é o escutar.