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Parte Um

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Parte Um

Meus dedos tocam com sutileza a pedra fria da lápide entalhada com o nome da minha mãe, sentindo meu peito se apertar da mesma forma que sempre faz quando me lembro dela. Mesmo correndo riscos, me recuso a ir embora antes de a visitar uma última vez. O céu escuro e o vento frio anunciam a chegada de uma tempestade e em meu âmago sei que ela está muito além de apenas água caindo do céu.

– Me desculpe, mãe. Eu preciso ir. – Sinto meus olhos arderem e minha voz soa falha. Penso em Bertholdt e em meu pai, na última vez em que vi qualquer um dos dois com vida. – Sinto saudade. Esperem por mim.

Me levanto devagar, relutante em dar as costas para seu túmulo enquanto caminho para fora do cemitério, anexado ao quartel de Liberio. Poucas pessoas foram enterradas ali, a maioria marleyanos honorários. Um sorriso fraco surge em meu rosto ao pensar que minha mãe morreu como uma rebelde, mesmo usando uma braçadeira vermelha, como a que está costurada na manga do uniforme há pouco roubado do armazém.

A certeza de que algo está acontecendo me atinge como um tiro certeiro no peito, se espalhando pelo meu sangue em forma de angústia e ansiedade. Magath sabe que estou em Liberio e não precisaria de nada além de um instante para ligar os pontos até mim. Cerro os punhos dentro dos bolsos do casaco bege, parada no centro do pátio do quartel, tentando decidir a mim mesma se deveria procurar por Reiner em sua sala ou na prisão. Seria arriscado tentar resgatar Mike sozinha, uma vez que eles estão esperando que alguém venha por ele.

Droga, penso comigo mesma. Seria bom ter alguém como Armin por perto, para variar. Minha cabeça gira e ao menos consigo caminhar em linha reta, havia acontecido muito em pouco tempo. A traição de Karina, a certeza de que tudo o que havia restado da minha família está morto além da vontade de trazer todo esse lugar a baixo, junto a Zeke e Magath. O mesmo turbilhão de sentimentos que parece nunca se acalmar, não importa o que eu faça.

Ando cabisbaixa e com os ombros caídos, rezando para não chamar a atenção de ninguém para o meu rosto. Entretanto, praguejo mentalmente quando esbarro em alguém, me recompondo para me afastar o quanto antes, sentindo meu coração palpitar com o susto recente. Entretanto, as batidas em meu peito parecem parar por completo assim como a minha respiração quando uma mão grande me segura com força pelo braço, me fazendo olhar para seu dono instintivamente.

Emily? – Os olhos claros e arregalados de Porco Galliard me encaram quase que incrédulos, o aperto de seus dedos ao redor do meu braço se tornando cada vez mais forte.

– Me solta, Porco. – Sibilo baixo para ele, olhando no entorno, aliviada em não encontrar mais ninguém no pátio além de nós dois. Minha respiração ofegante é a única coisa que escuto por algum tempo, sustentando o olhar assustado do garoto na minha frente, tentando imaginar o que ele fará a seguir. – Por favor. Você não tem nada a ver com isso.

– Você... Nos traiu. – Ele ignora meu pedido, cerrando o maxilar. – Você roubou o titã que ia ser meu.

– Eu não o roubei! Zeke me transformou em um titã puro, eu não tive escolha! – Volto a dizer, tentando me soltar de Galliard, que balança a cabeça em negação.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora