E se Reiner Braun tivesse descoberto a tempo que o certo era se render? E se o Titã Blindado entregasse seu coração para a humanidade e lutasse ao lado de Paradis?
Emily é a irmã de Bertholdt Hoover, enviado com seus companheiros para a "Ilha dos...
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Para todo o meu desespero e azar, encontrei com o Reconhecimento apenas nas proximidades do Quartel General, caindo do cavalo de pelagem escura assim que o restante do esquadrão parou de se mover e desmontaram quando me ouviram gritar enquanto me aproximava deles. A notícia de que não havia buraco algum na muralha Rose foi dada ás pressas e de imediato um oficial foi enviado à Trost para começar a espalhar a notícia. O restante do caminho até o castelo foi maçante e Hange não parou de perguntar sobre o Titã Bestial nem por um instante.
— E ele sabe como se comunicar com eles? — O rosto brevemente rubro da mulher se aproxima do meu enquanto ela me questiona novamente. Paro de caminhar na direção da construção de pedra imediatamente, suspirando exausta e desanimada.
— Eu acho que sim, Tenente. Eles se entendem de algum jeito. — Dou de ombros, observando o rosto da mulher se iluminar. Ela está prestes a dizer algo quando o próprio Comandante chama por ela na ponta do corredor, o que a faz se despedir rápido.
Agradeço internamente a Erwin por ter me livrado daquele interrogatório. Dentre todas as pessoas nessa ilha, Hange é definitivamente a mais insana, meu dedo indicador mutilado sendo prova disso. Examino a cicatriz ainda avermelhada onde a pele se recupera, não eram mais necessárias bandagens mas meus dedos doíam um pouco ao apertar o gatilho que faz as lâminas do equipamento se soltarem do cabo da espada, além de que ás vezes sinto dores fantasmas.
Caminho a passos lentos pelo corredor comprido no térreo, sabendo exatamente para onde estou indo mesmo que não soubesse o motivo para tal. A porta de madeira que dá para as celas subterrâneas se faz visível e paro de caminhar, com a mão imóvel sobre a maçaneta. Enquanto a giro devagar e adentro na escada estreita iluminada apenas por algumas tochas na parede, penso em Reiner e em Bertholdt. O que estariam fazendo agora?
Minha mente viaja até Connie, Sasha e Jean; me sinto grata por tê-los deixado em Ragako com vida, mas me pergunto se Mike também está vivo ainda depois de ter perdido tanto sangue. Custo a acreditar que algum dia ele se recuperaria por completo e me repreendo por reclamar do meu dedo mais curto na hora de abotoar as camisas do uniforme. Por tudo que há de sagrado, o homem perdeu a perna!
O fim das escadas revela algumas celas vazias e uma porta aberta á minha esquerda, também pouco iluminada. Passo por ela e me escoro no batente, permanecendo ali imóvel por alguns instantes. Annie está dentro de seu refúgio, envolta em um cristal grande o suficiente para mantê-la longe de qualquer perigo que seus inimigos possam representar.
— Ah, Annie. — Caminho devagar até o centro da sala onde seu cristal repousa, apoiado por uma estrutura de madeira improvisada que o mantém de pé. A garota lá dentro tem um semblante triste em seu rosto adormecido. Estico a mão e toco a superfície lisa e fria com as pontas dos dedos, soltando um longo suspiro em seguida. — Me desculpe. Se eu soubesse que Bertholdt...
Me interrompo sentindo um nó se formar em minha garganta. Por culpa do acordo que meu irmão fez com Magath que uma garota foi tirada de sua casa e obrigada a se tornar uma guerreira em meu lugar. Annie Leonhart podia ser uma criança como qualquer outra, se seu destino não fosse tão infeliz. Deixo meu corpo ir de encontro ao chão e me sento sobre a pedra fria, inclinando a cabeça para trás até que ela encoste no cristal. Penso em todas as vezes em que Annie olhou para mim com raiva e desgosto, deixando as lágrimas caírem quando percebo que não foi ela quem tirou uma vida boa de mim, mas o contrário.
