E se Reiner Braun tivesse descoberto a tempo que o certo era se render? E se o Titã Blindado entregasse seu coração para a humanidade e lutasse ao lado de Paradis?
Emily é a irmã de Bertholdt Hoover, enviado com seus companheiros para a "Ilha dos...
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Parte Dois
Reiner Braun
Não tenho a menor ideia de quantas horas se passaram desde que Bertholdt quebrou a muralha assim como da primeira vez. Os titãs entravam pelo buraco comprido feito na enorme parede que protegia o distrito de Trost deles mas mesmo assim, os soldados não parecem recuar em nenhum momento. De cima de um dos telhados da cidade que é destruída pelos monstros ao nosso redor, permaneço imóvel ao lado de Bertholdt, o evitando a todo custo afinal, não tive coragem de contar a Emily na noite anterior o que pretendíamos fazer.
Tudo o que me lembro eram de seus olhos esverdeados me encarando em um misto de curiosidade e preocupação e do toque suave em meu rosto, ao qual não resisti. Havia ficado para mim a tarefa de contar a ela para que ficasse fora de risco mas não pude, temendo a forma como ela me olharia, sentindo emanar de meus poros o medo de nunca mais ver o olhar gentil de Emily direcionado a mim como sempre fora desde quando éramos crianças.
Mesmo quando eu me tornei um monstro, Emily ainda assim se dizia estar orgulhosa de mim, assim como sempre me defendeu de comentários maldosos. Cerro meus punhos ao lado do corpo imaginando onde ela está agora e me viro para Bertholdt, seu olhar apreensivo varrendo a área pouco movimentada diante de nós denunciando que ele também está preocupado. Engulo a seco quando o escuto chamar meu nome e respondo com um resmungo.
— Você tem certeza que ela entendeu? — Bertholdt franze o cenho, impaciente. — O plano era ela se juntar a nós assim que possível.
— Talvez ela... — Tento desviar o olhar do mais alto e me arrependo de imediato.
Volto a encarar Bertholdt quando ele pragueja alto, dando um passo em minha direção e fechando os dedos compridos ao redor do colarinho da minha camisa. Alguns fios de cabelo castanho caem sobre seus olhos da mesma cor dos da irmã e o brilho neles é exatamente o mesmo que cintila nas orbes de Emily quando ela está prestes a acabar com alguém. Às vezes, a semelhança entre eles é assustadora.
— Merda, Reiner! Você não contou nada a ela! — O garoto me sacude enquanto vocifera. — Minha irmã pode estar morta agora, ela não sabia de nada...
— Emily vai ficar bem, os outros cuidarão dela. — Tento argumentar e Bertholdt me solta em um movimento rápido, se afastando e passando as mãos pelo rosto, irritado.
— Os outros? Se importa tanto assim com ela para confiar sua segurança em um monte de demônios?
Engulo a seco, controlando a vontade de corrigi-lo. Essas pessoas não são demônios, nem mesmo de longe. Nossos colegas nos acolheram e choraram conosco a perda de uma família que ao menos existe, lamentamos ao lado deles por um lar que nós mesmos desfizemos. Está claro para mim há muito tempo que nós somos os verdadeiros demônios aqui.
— Se acalme, você sabe que Emily sabe se cuidar sozinha. — Retruco novamente, agora endireitando a postura e respirando fundo. — Ela teria herdado a Titã Fêmea se você não tivesse tirado isso dela.
