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A chuva cai em gotas grossas e gélidas sem que eu me importe de estar em seu caminho, sendo atingida por elas melancolicamente, imóvel diante da lápide de pedra cercada de flores e cartas que desmancham sobre a água, cerrando os punhos ao lado do ...

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A chuva cai em gotas grossas e gélidas sem que eu me importe de estar em seu caminho, sendo atingida por elas melancolicamente, imóvel diante da lápide de pedra cercada de flores e cartas que desmancham sobre a água, cerrando os punhos ao lado do corpo sabendo que devo ir embora enquanto meus pés parecem se enraizar no chão junto à grama, não permitindo que eu vá a lugar nenhum.

O céu cinzento e o silêncio no amplo cemitério presenciam meu choro silencioso embebido em culpa se esvair aos poucos à medida que coloco para fora todas as lágrimas que tenho. O nome de Erwin entalhado no material claro parece maior a cada vez que o encaro e me pergunto se estaríamos comemorando com o restante dos cidadãos de Trost a batalha vencida às custas de tantas vidas caso o Comandante ainda estivesse aqui.

É como estar novamente diante do túmulo da minha mãe, encolhida sobre a neve me recusando a ir embora dali como se fosse magoar seus sentimentos caso o fizesse.

- Emily, você precisa sair da chuva.

A voz de Jean alcança meus ouvidos e me viro para ele como quem desperta de um estado de transe, o encontrando agasalhado do vento frio sobre o casaco comprido, segurando outro em um de seus braços e o guarda-chuva verde musgo na outra mão. Solto um longo suspiro, sabendo que logo alguém me expulsaria daqui e aceno em concordância, caminhando até ele e tomando o casaco de suas mãos, o jogando sobre meus ombros e me encolhendo sobre o tecido seco.

- Precisa parar de se culpar tanto. - Jean diz enquanto caminhamos para fora do cemitério. - Ele não vai voltar, Emily.

- Você não viu como o Capitão me olhou, Jean. - Respondo. - Proteger Erwin foi a única coisa que ele havia pedido a mim e mesmo sendo um titã eu não consegui.

- Não importa o que ele pensa, Emily. Os dois eram próximos, é claro que ele vai culpa-la. - Jean faz uma pausa quando um grupo pequeno de pessoas passa por nós na rua agora vazia. - Ele está de luto. Todos nós estamos. Mas lágrimas...

- Não trazem os mortos de volta. - Completamos em uníssono e deixo um sorriso fraco pairar em meus lábios por um instante. - Minha mãe costumava dizer isso.

O mais alto não diz nada e caminhamos em silêncio de volta para o quartel de Trost, onde estamos instalados desde que retornamos de Shiganshina. Já se passaram quatro dias e Hange havia sido nomeada Comandante assim como todos os onze sobreviventes receberam condecorações pelo território tomado de volta pela humanidade. Agora as pessoas poderiam voltar à Muralha Maria e desafogar Rose, assim como esvaziar as cidades subterrâneas na capital.

O pátio do quartel está vazio exceto apenas por alguns policiais que correm da chuva, se protegendo debaixo de suas capas. Já é quase noite, Reiner e o restante do esquadrão de elite estão em reunião com seu capitão, que fez questão de formalizar minha expulsão de seu time no momento em que Hange se tornou nossa Comandante. No momento sou uma oficial e nada além disso, sem permissão para ir em qualquer expedição a menos que o Titã Mandíbula seja necessário.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora