Epílogo

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Ano 854

As nuvens densas de vapor se dissipam aos poucos no entorno e meu coração se recusa a diminuir o ritmo de suas batidas em meu peito enquanto meus olhos permanecem arregalados na mesma direção de todos, que observam a figura esguia de Mikasa se aproximar a passos lentos, carregando nos braços a cabeça de Eren. Solto o ar dos pulmões com força quando Armin passa por mim, correndo até a garota antes de ambos caírem de joelhos um ao lado do outro.

Eren Yeager está morto. Os titãs colossais do estrondo da terra se foram. A guerra acabou.

Meus joelhos fraquejam por um instante e me viro para Sasha, que deixa as lágrimas correrem pelo seu rosto livremente antes de se aproximar de mim e me abraçar, assim como Jean e Connie fazem logo depois. Entre a bagunça de soluços e palavras incompreensíveis, não deixo de sentir algo estranho. É como se algo tivesse mudado de uma hora para a outra dentro de mim, como se um peso enorme tivesse deixado meu corpo mais leve.

Não há mais memórias em conflito nos meus pensamentos. Nem mesmo sequer um único vestígio delas por mais que eu tente me recordar. Não há mais a voz de Marcel ou de Ymir rodeando meus pensamentos.

– Eu não sou mais o Titã Mandíbula. – Murmuro comigo mesma, sentindo meus pés se moverem automaticamente em outra direção, gritando a plenos pulmões: – Reiner!

O chamo mais algumas vezes, passando por Hange e Levi antes de encontrar Reiner em meio a uma nuvem de vapor, também parecendo procurar por mim. Ele vem rápido em minha direção e em questão de segundos sou envolvida por seus braços de forma protetora e uma de suas mãos mantém a minha cabeça contra seu ombro. Sinto suas lágrimas de alívio sobre mim assim como deixo que as minhas caiam sobre ele.

Foram dois anos difíceis desde que Eren resolveu atacar e destruir Liberio sozinho. Desde que ele tomou o poder e desde que Marley decidiu vir até nós. Desde que Eren se tornou nosso inimigo e fomos obrigados a pará-lo como pudemos.

– Emily, eu... Acho que não sou mais o Titã Blindado. – A voz de Reiner sai entrecortada pelo choro e me separo dele para o encarar nos olhos, assentindo.

– Eu também estou me sentindo assim. – Soluço, incrédula de como aquela sensação é boa. – Acho que acabou, Reiner. Nós estamos...

– Livres. – Ele sussurra antes de me puxar para si novamente. – Estamos livres.

As lágrimas continuam correndo pelo meu rosto enquanto deixo um beijo demorado em seus lábios, sentindo que independente do que viesse a acontecer agora, o resto da minha vida, tão longa quanto eu puder vive-la, estarei junto de todos aqueles que eu amo, sem nenhuma ameaça caindo sobre nós.

Estamos livres, afinal.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora