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O silêncio que paira na sala é cortado apenas pela minha respiração pesada e pelas batidas do meu coração, ecoando na minha cabeça como um tambor

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O silêncio que paira na sala é cortado apenas pela minha respiração pesada e pelas batidas do meu coração, ecoando na minha cabeça como um tambor. E então, a voz do outro diz em um tom solene:

— Hange, Levi. Nos deixem a sós.

Estranho sua ordem tanto quanto os outros dois, que relutam um pouco ao obedecê-la. Massageio a pele em minha garganta, respirando aliviada por não ter mais uma faca contra ela. O homem do outro lado me encara com atenção, como se algo em mim o prendesse ou chamasse a atenção. Ele puxa uma das cadeiras, a que Hange ocupava antes, e agora se senta de frente para mim, ignorando o sofá que parece confortável ao seu lado.

— Sabe, eu já a vi antes. — Ele diz de súbito e abro a boca em espanto. Nunca vi esse homem na minha vida. — Em Shiganshina. Não sei o que aconteceu a você, estava debaixo de escombros do portão.

Engulo a seco.

— Eu também não me lembro do que aconteceu comigo. — Minto, apesar de realmente não me lembrar dele. — Não me lembro de você, também. A enfermeira que cuidou de mim quando acordei disse que um soldado da Polícia havia me levado até ela.

— Ah sim, eu entreguei você a ele porque estávamos buscando ainda pelo Colossal e pelo Blindado, que também sumiu depois do ataque. — Ele diz, simplório. — A tirei dos escombros.

— Obrigada, então. — Digo devagar, sem muita certeza do que deveria dizer a ele. — Senhor.

Como que se lembrasse de algo de súbito, ele se apresenta brevemente como Comandante Erwin Smith. Eu já havia ouvido seu nome antes mas nunca o tinha visto, era o responsável pela Divisão de Reconhecimento. "Não é pra menos", penso comigo mesma, observando com atenção o porte imponente do homem. Ele apoia os cotovelos sobre o joelho e suspira.

— Você sabe, então. — Ele ergue os olhos azuis para mim. — De onde eles vêm.

Apenas assento com a cabeça, ainda curiosa acerca do interesse de Erwin, não somente militar. Ele parece como uma criança a quem são contadas histórias antes de dormir. O loiro se ajeita em seu assento quando limpo a garganta e aperto o curativo improvisado em meu dedo com mais força, buscando coragem. Não tenho mais como voltar atrás depois de ter entregue Annie e Bertholdt.

— Uma pessoa se transforma em titã quando entra em contato com o fluído espinal de outro titã. — Digo a princípio, decidindo que colocar o Titã Bestial nessa conversa só complicaria as coisas. — Nós, eldianos, somos um tipo especial de humano, podemos nos transformar em titãs. E isso é usado por Marley como punição.

Erwin apenas assente, já tendo conhecimento acerca de Marley. Havia dito a Hange, mesmo tendo uma unha arrancada logo em seguida.

— Eldianos são... Indesejáveis. Nos tornamos guerreiros e assumimos os titãs como Reiner e Bertholdt para sermos respeitados. Mas as pessoas que são contra o governo ou cometem algum crime... — Engulo a seco. — São transformadas em titãs irracionais e jogadas nessa ilha como punição, presos nessa forma para sempre.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora