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O vento em meus ouvidos é a única coisa que escuto e a única na qual me concentro, sem fazer a menor ideia de há quanto tempo estamos cavalgando em direção à Muralha Maria

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O vento em meus ouvidos é a única coisa que escuto e a única na qual me concentro, sem fazer a menor ideia de há quanto tempo estamos cavalgando em direção à Muralha Maria. Me pergunto se nosso plano realmente funcionaria e se Annie apareceria de fato enquanto ignoro meu estômago reclamando de fome. Os últimos dois dias foram um inferno, saber a verdade sobre a morte da minha mãe me atingiu em cheio e mesmo desejando matar Bertholdt, a necessidade de olhar em seus olhos e escutar seus motivos é crescente em meu âmago.

Reiner não podia fazer muito, tendo prometido ao amigo que não diria nada. Entretanto, agora estamos em lados opostos e meu irmão é nosso inimigo. Por mais que eu não tenha conseguido comer ou dormir direito nos últimos dias e o trabalho pesado tenha me deixado mais exausta do que deveria estar, me recuso a ceder aos limites do meu corpo. A formação segue intacta, estando eu, Jean e Armin na ponta da direita, bastante afastados dos esquadrões mais ao centro. Era nossa missão disparar sinais de fumaça pretos assim que Annie aparecesse.

Entretanto, a floresta de árvores gigantes onde pretendíamos captura-la já se faz visível, minúscula no horizonte e ainda não há o menor sinal de que a Titã Fêmea irá nos agraciar com sua presença.

— Ei, Emily. — Escuto sobre os cascos batendo a voz de Armin, que agora cavalga próximo a mim. O cabelo loiro balança para longe de seu rosto, permitindo que os olhos azuis preocupados me vejam com clareza. — O que aconteceu? Você quase não fala com mais ninguém. — Ele hesita. — E me desculpe dizer, mas você está horrível.

Lanço a Armin um olhar indignado, por mais que ele esteja dizendo a verdade. Tenho olheiras escuras e ao menos me dei ao trabalho de prender o cabelo, deixando que os fios compridos se embaracem enquanto chicoteiam o ar atrás de mim.

— Não aconteceu nada, Armin. Eu estou bem. — Respondo a ele, virando o rosto para encarar o loiro, apertando as rédeas de couro com força, o que não passa despercebido por ele, assim como os meus olhos que se enchem de lágrimas quase que de imediato.

— Sabe que você pode nos...

— Ela deve estar escondendo mais alguma coisa de nós. — Armin é interrompido pelo tom arrogante de Jean. Estou prestes a gritar para que ele cale a boca e me deixe em paz quando escuto um estrondo breve, logo atrás de nós. Ainda posso ver os resquícios do clarão amarelado no ar quando espio por cima do ombro. Então ela veio.

Puxo as rédeas do cavalo com força obrigando o animal a parar e ele o faz, os outros dois fazendo o mesmo que eu, se aproximando em seguida.

— Estou certo, não estou?

— Fique quieto e escute, Kirstein. — Ele o faz e podemos finalmente escutar os passos pesados se aproximando. — Ela está aqui.

— Os sinalizadores, vamos. — Armin nos ordena e assentimos. Troco um olhar breve e magoado com Jean, ambos concordando em silêncio que não é hora de brigar.

Surrender I Reiner BraunOnde histórias criam vida. Descubra agora